Licitação de R$ 197 milhões é vista em Brasília como uma das mais significativas do mercado neste ano
As empresas Usina Digital, Área Comunicação, Moringa L2W3 e o Consórcio BR e Tal, composto pela BRMais e a Digi&Tal, foram as selecionadas na licitação conduzida pela Secretaria de Comunicação (Secom) da Presidência da República para administrar a área digital do governo, como reportado pela CNN Brasil nesta quarta-feira.
Com um valor estimado em cerca de R$ 197 milhões, essa licitação é considerada uma das mais relevantes do mercado em Brasília neste ano. O governo vê essa contratação como crucial para impulsionar a popularidade do presidente Lula e promover as iniciativas públicas. Ela ocorre em um momento de declínio nas avaliações sobre o desempenho governamental, conforme indicado por pesquisas de opinião.
No início de abril, de acordo com a pesquisa da Genial/Quaest, a desaprovação ao governo aumentou cinco pontos percentuais desde dezembro, atingindo 34%, aproximando-se do índice de aprovação, que está em 35%. A desaprovação ao presidente subiu de 43% para 46% no mesmo período.
Dentre as cinco agências ganhadoras, duas delas nunca firmaram contratos com o governo federal, segundo os dados do Portal da Transparência. Cada agência deve embolsar cerca de R$ 49 milhões cada por contratos com duração de um ano, que podem ser prorrogados.
A única agência vencedora que tem um histórico consolidado de contratos com órgãos federais é a BRMais, que já recebeu R$ 145 milhões por serviços prestados à União. As empresas Moringa e Digi&Tal receberam cerca de R$ 202 mil e R$ 94 mil do governo federal, respectivamente. Já a Usina Digital e a Área Comunicação estão entre as iniciantes no rol de vencedoras.
A Secom justificou no edital que a contratação “tem como objetivo o atendimento ao princípio da publicidade e ao direito à informação, por meio de ações de comunicação digital que visam difundir ideias e princípios, posicionar instituições e programas, disseminar iniciativas e políticas públicas, informar e orientar o público em geral”.
As empresas serão responsáveis pela criação, a implementação e o desenvolvimento “de formas inovadoras de comunicação digital, destinadas a expandir os efeitos de mensagens e conteúdo do governo”. Uma das principais apostas do governo Lula para ampliar a presença do petista nas redes sociais, o podcast semanal “Conversa com o presidente”, fracassou em índices de audiência e foi descontinuado.
As agências também terão que utilizar “técnicas de machine learning e A.I (inteligência artificial) para realizar a análise de sentimento de notícias de interesse do Governo Federal”. Outro requisito para seleção foi a capacidade das empresas de realizar pesquisas “de alta intensidade” nas redes sociais sobre temas relacionados ao governo. Essas ações mapeiam, por exemplo, a recepção das ações do presidente Lula e de seus ministros no ambiente digital.