Sustentar, do latim sustinere, é mais do que manter de pé. É acolher, é carregar com responsabilidade, é fazer permanecer. Quando escolhi o nome desta coluna – Ser sustentável -, foi esse o sentido que me atravessou. Porque “ser”, aqui, não é verbo auxiliar; é verbo central.
Sustentabilidade, para mim, sempre foi sobre permanência com propósito. E foi exatamente a partir desse olhar que nasceu o conceito que me acompanha como filosofia de vida e de trabalho: o Marketing do Cuidado.
Não, não é buzzword. E sim, ele tem dono: é um conceito que venho cultivando – e não apenas defendendo – na minha vida, nas conversas que vivi, nas escolhas que fiz e nos desconfortos que atravessei dentro do mundo corporativo – e, principalmente, fora dele.
É uma resposta ao excesso, à pressa, à manipulação disfarçada de empatia. É, também, uma tentativa de reposicionar o marketing como um campo de responsabilidade e não apenas de performance.
Ele é um deslocamento. Um convite à escuta. Um chamado para voltarmos a pensar antes de produzir, a sentir antes de publicar, a considerar o caminho – não só o resultado. Sim, é um conceito que eu criei, mas mais do que isso: é um modo de estar no mundo – e de se relacionar com ele.
O marketing que cuida pergunta antes de agir
Toda vez que me perguntam o que é o Marketing do Cuidado, eu devolvo com outras perguntas: de onde vem essa mensagem? Para onde ela vai? Quem ela atravessa? Que impacto ela gera, mesmo quando não é vista?
Essas são as perguntas que me movem – e que sustentam o Marketing do Cuidado. O marketing que me interessa não é o que grita, é o que pergunta. Não é o que performa, é o que se posiciona. O cuidado, neste contexto, é ato, não estética. É intenção, não recurso retórico.
O que significa, afinal, cuidar? É presença. É atenção. É responsabilidade sobre o que dizemos e como dizemos. É saber que cada mensagem enviada por uma marca – seja um post, uma campanha, uma palestra ou uma frase de impacto – carrega consequência.
O Marketing do Cuidado nasce do incômodo com um mercado que, muitas vezes, explora vulnerabilidades emocionais em troca de cliques. Que confunde empatia com performance. Que prefere viralizar a vincular.
Eu decidi criar outro caminho. E é sobre isso que esta coluna vai falar.
Cuidar é sustentar – e sustentar é posicionar
Ser sustentável, aqui, é um exercício de coerência. Ao longo dos próximos artigos, vamos falar sobre o papel do marketing no impacto positivo, o setor de eventos e suas contradições, clima e responsabilidade coletiva, valor das relações econômicas, bem-estar como pilar da sustentabilidade humana… Tudo isso passa, antes, por um reposicionamento: o cuidado não é discurso de ocasião. É verbo. É decisão. É prática cotidiana.
Inspiração. Conscientização. Prática.
Esses são os três pilares do Marketing do Cuidado. Não como uma fórmula, mas como norte.
- Inspiração: marcas e líderes conscientes inspiram, não manipulam;
- Conscientização: toda comunicação tem o poder de educar e transformar; e
- Prática: sem coerência na entrega, vira ruído.
Essa tríade vai estar presente em cada texto desta coluna. Porque não se trata de um manifesto pontual, e sim de uma jornada contínua. Uma forma de contribuir para que a comunicação – e o mercado – sejam mais éticos, mais humanos e, sobretudo, mais sustentáveis.
Este é o começo
Se você busca fórmulas rápidas, talvez este não seja o espaço mais confortável. Mas se você se interessa por perguntas convidativas, por reflexões profundas e pela vontade legítima de transformar, então fique – a conversa começa agora, e promete ir longe.
E se tudo der certo, terminamos cada leitura um pouco mais conscientes do que precisamos sustentar e do que precisamos deixar para trás.
Até o próximo texto. Que a gente siga sustentando o que importa, com presença, intenção e cuidado.