Com mais de 30 anos de experiência no mercado, Simone Moura é uma especialista em planejamento estratégico de comunicação, posicionamento de marca e marketing. Seu trabalho é focado no propósito da marca, estudos comportamentais sobre gerações e suas formas de consumo, teorias disruptivas, jobs to be done, além da aplicação da neurociência ao comportamento do consumidor.
Simone assina a primeira edição do Workshop promovido pelo Nosso Meio. Em sua estreia, Simone abordará o tema “O novo posicionamento de mercado: sob as lentes da economia comportamental e da teoria do trabalho a ser feito”.
Serão 7 horas de imersão completa em conteúdos, com estudos de caso e aplicação prática das metodologias “jobs to be done”, conceitos de neuromarketing, economia comportamental, além de outros assuntos. Em entrevista exclusiva para o Nosso Meio, Simone introduziu alguns dos temas que serão abordados e falou sobre a expectativa para esse momento.
Nosso Meio: Como a união com o Nosso Meio aconteceu? De onde surgiu a iniciativa de promover esse workshop?
Simone Moura: Em mentorias com o foco de reposicionar suas marcas e como colunista do nosso meio (coluna move), comentei com o Fernando Hélio que seria interessante levar esse projeto para mais empreendedores num formato diferenciado. Tenho também trabalhado com o Nosso meio no seu projeto de posicionamento de mercado e desenvolvimento de novos produtos e por tudo isso as coisas foram acontecendo.
O projeto de educação executiva já havia inclusive sido desenhado em uma das reuniões que tive com a diretoria do Nosso Meio. Mas confesso que não tinha noção de que aconteceria tão rápido. Quando recebi o convite , não hesitei. Até porque como propósito de marca a Ping Ping busca criar conexões entre organizações e pessoas para a criação de novas ideias, engajamento e resultados . E quando somamos ao propósito do Nosso Meio que é “Coragem para mudar e evoluir”, não tivemos dúvidas .
A melhor hora para começar era agora. Afinal quando aprendemos coisas novas o melhor é poder compartilhar e acredito demais que as empresas e profissionais do mercado local poderão utilizar esses conceitos e aprendizados para melhorar produtos e serviços. Afinal temos profissionais maduros e comprometidos em nosso mercado
NM: Como você vê o futuro da teoria “jobs to be done” e sua aplicação no contexto do marketing e desenvolvimento de produtos? Existem tendências emergentes ou desafios que você prevê para essa abordagem nos próximos anos?
SM: A teoria do trabalho a ser feito já é uma realidade aplicada e comprovada. Marcas centenárias, iniciantes no mercado e emergentes já têm trabalhado seu reposicionamento sob as lentes dessa teoria testada por muitos estudiosos e principalmente pelo empenho de seu criador e sua equipe, o professor da escola de negócios de Harvard nos Estados Unidos , Clayton Christessen.
Dentre as marcas que já adotaram essa teoria para posicionar produtos e criar novos, citamos Chevrolet, Mc Donalds, Walmart etc. Portanto, não é uma teoria do futuro, pois ela está entre nós. Inclusive, aplico essa teoria em clientes do mercado brasileiro dos quais podemos destacar: Wettor marcas e patentes – uma empresa genuinamente cearense de 35 anos de atuação no segmento de proteção e registro de marcas e patentes e Medeiros Distribuidora com operações no Maranhão e Piauí – sendo a maior distribuidora da marca Danone do país.
Sobre o futuro dessa abordagem nas empresas, vai depender exclusivamente do gestor e lideranças de cada uma delas. Se não entendermos a dor do consumidor e nos posicionarmos para resolvê-las iremos continuar a lutar com a concorrência para se firmar como a melhor solução- o que não levará nenhuma marca a um estágio real de inovação .
NM: Como as descobertas do neuromarketing podem ser integradas às estratégias de marketing existentes em uma empresa? Existem recomendações específicas que você tem para aproveitar ao máximo essas descobertas?
SM: A neurociência aplicada ao consumo tem realizado grandes estudos e descobertas relacionadas ao que o consumidor pensa e não somente sobre o que ele diz sobre uma marca ou produto. Ainda que seja uma ciência relativamente nova, já podemos dizer que adotada por muitas marcas. E que toda a tecnologia computacional por trás dos estudos e ferramentas existentes, comprovam sua efetividade.
Destaca – se também que parte dos produtos de pesquisa utilizados nessa modalidade tem se democratizado – o que indica que os valores de uma pesquisa nesse campo e modalidade ficarão cada vez mais acessíveis. Entretanto, para quem ainda não tem acesso a institutos sérios e capacitados, e não consegue ter em suas estruturas um profissional com a capacidade analítica de acompanhar um neurocientista, pode se beneficiar de um padrão de conhecimento já existente.Pois cada vez mais temos pesquisadores, doutores e professores capacitados e comprometidos a colaborar com a disseminação dessa ciência
NM: Como você descreveria o papel da Economia Comportamental na compreensão das decisões econômicas dos indivíduos? Quais são os principais princípios e conceitos que guiam essa abordagem?
SM: A economia comportamental estuda o consumidor e seu comportamento de consumo que, ao contrário da economia clássica, não é uma escolha racional. Nossas escolhas diárias estão alocadas entre o cérebro neocórtex e o límbico – ou seja, um sistema 1 (que é rápido e automático) é um sistema 2 (que pensa e delibera).
E em mais de 85 % nossas decisões são tomadas pelo impulso e nessa medida podemos criar vieses, heurísticas e gatilhos mentais para chamar a atenção do consumidor para as nossas marcas. Esses são os principais conceitos e abordagens dessa teoria e em muitos casos ajudamos as pessoas a fazerem escolhas sejam elas em mudança de comportamento ou de compra de produtos e serviços.
NM: Qual a importância de trazer esses conteúdos para o mercado local? Como os profissionais podem aproveitar os conteúdos apresentados no workshop de forma prática nas suas empresas?
SM: O mercado local não é um mercado isolado do mundo. Somos um mundo conectado! Não estamos falando de compra de um produto ou serviço aqui. Estamos falando de comportamento e hábitos de consumo e de escolhas de compra.
Através dos conceitos da teoria jobs to be done, neuromarketing e economia comportamental empresas de diferentes tamanhos, segmentos e regiões podem olhar para seus consumidores como alguém que busca marcas que resolvem suas dores e não somente vendem produtos ou serviços.
Um outro ponto interessante é entender através desses conceitos que a forma que estamos atualmente utilizando para nos comunicar com as pessoas em parte está equivocada e sem efetivamente alcançar as audiências buscadas. Somos muito iguais em posicionamento de mercado e de comunicação e marketing e isso tem dificultado o entendimento do consumidor em relação a proposta da marca.