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Smartphones podem ser aliados estratégicos na preparação dos estudantes para o Enem

Por Redação

31/07/2024 17h47

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Um dos momentos mais importantes na vida dos estudantes brasileiros, o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) costuma ampliar os conflitos internos – que não costumam ser poucos – nessa fase da vida. Um deles, que resvala no senso comum, assinala que o uso do smartphone, aparelho tão relevante aos jovens na atualidade, deve ser diminuído. Porém, com a proximidade das provas, a preparação se intensifica, e o celular, muitas vezes visto como vilão, pode “virar o jogo” e se tornar um grande aliado nos estudos. 

Sim, utilizar a tecnologia de forma estratégica pode aumentar a eficiência e otimizar o tempo de revisão dos conteúdos. De acordo com pesquisa realizada pela TIM, empresa de telefonia móvel, 55% dos estudantes acham os dispositivos móveis uma ferramenta eficiente ou muito eficiente para estudar. Realizado através da plataforma de pesquisa TIM Ads com quase 45 mil clientes de planos pré-pagos da operadora, o levantamento ainda apontou que 25% dos pesquisados costumam assistir aulas em vídeo por meio do dispositivo.   

A combinação da crescente incorporação das tecnologias e a exploração completa de suas potencialidades pode transformar significativamente a experiência educacional, tornando-a mais acessível, interativa e recompensadora. É o que imagina Carlos Maciel, professor de Física do Sesc Ciência, uma rede de divulgação científica presente no Ceará.

Mesmo considerando esse cenário positivo, o educador opina que existem ferramentas a serem exploradas. “Grande parte dos estudantes pode não estar aproveitando plenamente o potencial dos smartphones, que incluem aplicativos educacionais, plataformas de e-learning, ferramentas de organização e modelos de linguagem baseados em inteligência artificial para criar textos, imagens, vídeos, entre outros”, afirma. 

O educador, que também é produtor dos podcasts “Elétrons Livres” e “PodEducar Sesc”, afirma que, para viabilizar o uso eficiente dessas tecnologias, é essencial que os alunos recebam o direcionamento adequado sobre a utilização desses dispositivos de maneira que alcance o propósito de aprendizagem, “preferencialmente mediado pelo educador, o profissional mais indicado”, ressalta.

Contraponto necessário
Também no projeto Sesc Ciência, o professor de Biologia e pesquisador em neurociência e tecnologias educacionais Douglas Menezes estabelece um contraponto às considerações do colega. Percebendo essa imersão no universo digital como um panorama de caráter irreversível na vida cotidiana, ele defende que “é importante entendermos de forma crítica como essas tecnologias podem ser utilizadas, porque senão a gente faz o uso que não é instrumentado para objetivos específicos. É como alguns autores costumam dizer: não é você que usa a tecnologia, é ela que lhe usa, porque você passa a despender um grande tempo no uso, que muitas vezes não é tão consciente”.

Dicas essenciais
Tal tendência reflete a crescente adaptação dos alunos às novas tecnologias e à acessibilidade que elas proporcionam. O uso do celular como ferramenta de estudo se torna ainda mais relevante no contexto atual, em que a conectividade e a disponibilidade de recursos online podem fazer a diferença na preparação para o Enem.

Confira dicas do Professor Douglas Menezes para transformar os celulares em fortes aliados nessa corrida por um lugar na universidade:

  • Entenda seu perfil de uso dessas plataformas: “Os smartphones, de uma maneira geral, apresentam ferramentas de relatório do tempo de uso e quanto tempo você usa dos diferentes aplicativos nas diferentes redes sociais. Então o primeiro aspecto seria entender como é o seu uso, até para perceber, como usuário, em que você está investindo mais tempo, e até desenvolver estratégias mais acertadas para uma melhor performance;
  • Cuidado com as fake news: “É sempre importante que estejamos atentos à fonte dessa informação que é obtida principalmente nas redes sociais, para que a gente não acabe esbarrando nas já muito frequentes fake news. Busque sempre procurar fontes validadas, advindas de autoridades naquele assunto. Procure a fala dos especialistas. Consultar mais de uma fonte para fazer um enfrentamento dessas informações é um outro aspecto importante”;
  • Não quebre o foco: “O estudante está ali com o smartphone no ambiente de estudo, conectado em outras plataformas, redes sociais, aplicativos de vídeos curtos, como é muito frequente hoje, e aí quebra a rotina (de estudo) com o smartphone abrindo uma notificação, uma conversa. Aí depois ele encerra e volta para os estudos. Do ponto de vista neurobiológico, a atenção é um fenômeno que é cadenciado por uma série de fatores. Sempre que o aluno faz essa quebra, vai precisar recomeçar, reorganizar uma série de informações, uma série de circuitos que acabam fazendo com que ele comprometa esse tempo investido nos estudos, o nível de atenção. E aí, consequentemente, isso acaba gerando perdas. Hoje temos aplicativos que conseguem programar o smartphone para que ele fique, durante um determinado tempo, impossibilitado de mandar notificações, de exibir qualquer tipo de estímulo que seja um distrator nesse sentido”;
  • Entenda os algoritmos: “Nós precisamos dialogar com as ferramentas de forma inteligente. Costumo dizer, brincando, que a gente precisa conversar na linguagem da máquina. Como o algoritmo é algo que responde a nossos inputs, ou seja, aos modos como vou interagir com aquela rede social, com aquela plataforma, acaba personalizando esse uso. Muito do conteúdo que recebo é resultado das minhas interações; das minhas curtidas, do tempo que passo vendo um reels, num determinado vídeo, se o avancei mais rápido do que outro… Tudo isso vai ser levado em conta. Então faça o algoritmo trabalhar para você. Comece por uma limpa nos perfis que vai seguir. Prefira aqueles que estão na perspectiva de estudos. Ou seja, vá adequando o algoritmo para que ele responda a partir das suas buscas e curtidas, mostrando para ele que naquele momento você quer fontes que estejam de acordo com o seu interesse nos estudos”;
  • Viva, respire! “A vida é um fenômeno analógico. Respeite seu tempo, entenda que compreender as nossas emoções é importante. Às vezes, precisamos ficar um pouco distante das tecnologias, para dar uma respirada, fazer uma caminhada e aqueles aspectos clássicos que são fundamentais, segundo a Neurociência, como uma boa nutrição, uma boa hidratação, atividade física e, principalmente, sono. Esses são pilares para processos de estudo que devem ser otimizados”