Um profissional criativo é aquele tipo de pessoa que imagina e constrói com mais facilidade do que a maioria comum. Ele pensa, repensa, cria, idealiza, debate, projeta… Agora, imagina juntar uma turma de pessoas assim para trabalharem juntas… Cuidado que vai sair faísca! Mas calma que eu tô falando da faísca da criatividade. Uma equipe criativa numa empresa de marketing ou agência de publicidade é quem vai trazer alma à comunicação. Por isso é imprescindível que esse time esteja alinhado entre si, com a gestão e, principalmente, com o cliente e seu público-alvo.
Trabalhar junto nem sempre é fácil e, falando sobre o mercado da comunicação, há problemas que são comuns às empresas e suas equipes. Alguns exemplos são — e aos quais vamos nos ater: pedidos de refação (interno ou pelo cliente) de materiais de comunicação, desorganização e desgaste no trabalho e dos profissionais por falta de processos estabelecidos, pouca criatividade e baixa produtividade em campanhas e ações.
Para falarmos sobre as tão temidas (e comuns) refações é preciso reconhecer a questão que vai resolver 99% dos problemas relacionados a este mal: uma comunicação clara! Não importa se você recebe as informações diretamente do cliente e as repassa para o criativo ou se na sua empresa há processos de coleta de briefing, organização e documentação: é preciso clareza em todo esse processo. O que o cliente quer? Que informações devem ser comunicadas ao público? Qual a finalidade do projeto? Tipo de mídia, formatos, dimensões, desdobramentos, textos legais, o que deve aparecer, o que não deve aparecer e o que o cliente espera receber, ou seja, estamos criando uma solução para uma demanda.
Exemplificando:
“Solicita-se a criação de um outdoor duplo promocional para o cliente de móveis. Todos os sofás estarão com desconto de 15%, a promoção é válida até o último dia do mês atual, deve-se usar fotos dos sofás reais do cliente, já disponibilizadas (dar acesso). O outdoor ficará numa via central de tráfego rápido (60 km/h); pensar na legibilidade e no tempo de leitura para motoristas; não usar fotos dos móveis vermelhos, pois já esgotaram na loja. O arquivo final deve ser entregue à gráfica até amanhã às 17h.”
O primeiro passo para a diminuição de refações é entender o que o cliente deseja e coletar todas as informações possíveis, por mais simples que sejam, para repassar à equipe criativa. Lembre-se que às vezes o cliente também pode esquecer de alguma informação, então, esteja pronto para tirar dele um briefing completo! Crie checklists, construa formulários-base e traga a equipe criativa para essa construção, afinal, ela sabe mais que ninguém o que vai precisar usar.
Outro problema extremamente comum em publicidade e criação é o desgaste, estresse e desorganização dos processos dentro da linha de produção. Talvez este seja um dos grandes fatores que contribuem para a alta rotatividade dos profissionais nas agências, afinal, trabalhar sob pressão num ambiente confuso e hostil, ninguém quer. Quando há muitas refações por falta de comunicação clara, desorganização de arquivos/documentos usados pela equipe e desencontro ou falha nas informações repassadas, o desgaste leva as pessoas a se sentirem cada vez menos estimuladas, e a tendência comum é que cada um procure alguém para culpar pelo problema. Mas no meio de um processo não organizado, como saber onde está o erro e, assim, remediá-lo? É preciso correr atrás da organização! Crie uma linha de etapas do processo criativo: Por quais profissionais a demanda tem passado? O que cada um precisa fazer antes de passar a demanda adiante? Como posso saber quem já concluiu sua respectiva etapa dentro desse processo? Exemplificando:
“Etapa 1: contato com o cliente, coleta de informações e preenchimento do briefing. Etapa 2: criação de textos, organização das informações e disponibilização dos materiais a serem usados. Etapa 3: criação de leiaute, fechamento de arquivos, envio para a aprovação interna. Etapa 4: envio para o cliente; espera da aprovação. Etapa 5: Envio final dos arquivos; impressão, postagem, alocação, entrega.”
Hoje as empresas têm grandes aliados em suas etapas de produção: os sistemas de processos. Há vários softwares no mercado para ajudar as equipes a se organizarem, uns simples, outros complexos; plugins, ferramentas diferenciadas, contagem de tempo, checklist de etapas… Bom, se você ainda não tem nada desse tipo implementado na sua empresa, agora não tem mais desculpas. Corre! E lembre-se: é importante buscar um sistema que se encaixe bem dentro da forma como sua equipe já trabalha, isso fará a diferença.
O terceiro desafio (e não menos problemático) presente em empresas criativas é a baixa produtividade e/ou falta de criatividade. Veja, não estamos falando de bloqueio criativo em um profissional específico, mas sobre como uma equipe criativa pode e deve trabalhar para entregar ideias e resultados brilhantes para o cliente e seu público. Muitas vezes na pressa dos prazos de entrega e na alta demanda de trabalho que é colocada sobre os profissionais, a gente acaba caindo no erro de “enviar do jeito que tá”. Criamos algo básico que talvez funcione; um “mais do mesmo” enfeitado. Pare agora! Quando um cliente está pagando você para criar, crie com excelência, estratégia e inteligência! As equipes criativas de agências, startups e estúdios precisam ser feras. Go team! — Se você quiser aceitar uma dica minha, segura essa: invista em um diretor de criação. Um líder que saiba dirigir, instigar e organizar o time.
Se dentro das atuais configurações do seu ambiente de trabalho os profissionais não conseguem se reunir, debater, conversar e criar juntos soluções e projetos, infelizmente sua empresa não sairá da média e continuará entregando o básico. Incentive sua equipe a trabalhar em conjunto, dê espaço para os seus profissionais, deixe-os saber que podem aflorar as ideias e faça-os perceber que você confia neles. Quando alguém se sente valorizado, pertencente e útil, os frutos de um bom trabalho começam a ser colhidos.
Isaac Bibiano
Designer gráfico que trabalha com comunicação visual há mais de dez anos, com experiência em agências de publicidade e prestação de serviços para empresas privadas. Sua especialidade é criação de identidade visual e gestão de conteúdo.
