Interrompendo o contínuo crescimento desde 2015 e o período de bonança no setor entre 2020 e 2022, o ano de 2023 foi o mais fraco para captação de investimentos em capital de risco dos últimos oito anos. Segundo a Bloomberg Línea, a captação do ano passado foi cerca de 60% menor do que 2022 e até 77% mais baixa do que em 2021.
A alta da taxa de juros e conflitos políticos globais são alguns dos principais motivos para a escassez de investimentos nos setores ligados à inovação, que afeta quase 13 mil startups brasileiras, segundo a Associação Brasileira de Startups (ABStartups).
E, seguindo a queda nas captações, o ano de 2024 ainda será um período de maior demanda do que oferta de investidores. Neste sentido, startups que buscam investimentos, seja em rodadas iniciais (pré-seed e seed), como em mais avançadas (séries A, B, C), precisam estar preparadas para encantar fundos capitalistas. Será necessária boa dose de pragmatismo, atenção aos processos primários e secundários, rigoroso controle do fluxo de caixa, objetivos bem definidos e realistas para demonstrar crescimento sustentável e impressionar o mercado em 2024. É importante demonstrar as características diferenciais que o negócio possui e como elas podem ser convertidas em resultados positivos, lucrativos.
Além disso, capacidade de inovação constante, foco no cliente, cultura internacional e liderança apaixonada são indispensáveis para um jornada bem sucedida no desafiador ambiente empreendedor.
Antes de buscar investimentos, é preciso se dedicar à pesquisa e ao desenvolvimento do produto ou serviço, assegurando sua diferenciação e validação no mercado. Para isso, a colaboração com clientes iniciais pode ajudar a acessar grande número de usuários, testemunhando e validando a solução. Lembre-se de colocar seus clientes no centro de tudo o que faz, o trabalho de uma equipe de alta performance, dedicada a construir relacionamentos sólidos e a adaptar sua oferta às necessidades do mercado, reflete em um baixo churn e altos índices de NPS, elementos fundamentais para atrair investimentos.
Após as rodadas iniciais, a startup, por exemplo, deve focar em consolidar sua estrutura global, melhorar processos e buscar expansão ainda maior, com foco em parcerias estratégicas e vendas internacionais, sustentadas por equipes locais e canais de distribuição bem definidos. Neste contexto, o desenvolvimento de uma cultura empresarial internacional, enraizada na desejada diversidade e experiência global dos fundadores, pode ser fundamental para posicionar a empresa como um player internacional, atraindo investimentos para expandir em mercados com moedas fortes e consolidar sua presença global.
Finalmente, a paixão pelo empreendimento e o comprometimento dos líderes com a visão da empresa geram uma energia positiva que fomenta resiliência e habilidade na resolução de problemas, atributos valiosos para o processo de captação de investimentos.
Daniel Pisano
Cofundador da Vurdere
