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Streaming consolida novo padrão de consumo digital no Brasil

Por Redação

18/12/2025 10h55

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O anúncio da aquisição da Warner Bros. Discovery pela Netflix reforça disputa por audiência em um mercado dominado pelo vídeo sob demanda

O consumo de vídeo por streaming no Brasil alcançou um novo estágio de maturidade e se firma como um dos principais indicadores do comportamento digital no país. Dados recentes da YouGov mostram que 83,7% dos brasileiros assistem a conteúdos on-demand diariamente, com 36,7% dedicando entre uma e três horas por dia e 17,6% assistindo de três a seis horas. Apenas 10,4% não consomem streaming, evidenciando a força desse modelo. Esse volume robusto de audiência ajuda a explicar movimentos estratégicos de gigantes globais, como o recente anúncio do plano de fusão da Netflix com a Warner Bros. Discovery, ao sinalizar um mercado altamente engajado, competitivo e em expansão contínua.

Segundo o estudo, mais de 54 milhões de brasileiros passam de uma a três horas por dia em plataformas digitais de vídeo, formando um público atento, diverso e cada vez mais criterioso. Para marcas, o volume expressivo reforça o streaming como um ambiente prioritário para construir relevância e proximidade junto a consumidores mais jovens, urbanos e altamente engajados.

“O Brasil já se comporta como um mercado de  streaming maduro em hábito e em tempo de consumo, Qualquer movimento que una catálogos premium com uma marca que já lidera em valor e satisfação tem potencial para acelerar ainda mais a centralidade do streaming na vida diária dos brasileiros”, afirma David Eastman, diretor-geral da YouGov para América Latina. “Essa base ampla e ativa oferece às empresas uma oportunidade única de se conectarem com o que realmente importa para o consumidor”, complementa.

No plano de marca, a Netflix tem uma posição relevante no Brasil, com 66.07% de consideração e 52,84% de satisfação positiva. O levantamento também destaca um perfil de usuário informado, hiperconectado e habituado a navegar entre múltiplos dispositivos. Trata-se de um consumidor que influencia escolhas familiares, antecipa tendências e molda novos padrões de entretenimento e consumo. Sua jornada, marcada por autonomia e mobilidade, abre espaço para estratégias de comunicação mais assertivas e orientadas por dados.

Para as empresas, o avanço do ecossistema de vídeo sob demanda representa não apenas um canal de mídia, mas um território estratégico para narrativas de marca, construção de relacionamento e leitura fina do comportamento real do público. “À medida que o consumo cresce e se diversifica, as marcas precisam considerar o streaming como um eixo central das suas decisões de mídia; não como complemento”, reforça Eastman.

O cenário evidencia que organizações capazes de decodificar esse ambiente, criando experiências personalizadas, conteúdos mais relevantes e segmentação precisa, tendem a conquistar vantagem competitiva na disputa pela atenção, preferência e fidelização do brasileiro conectado.

Dados da YouGov indicam que o consumidor brasileiro também demonstra disposição a pagar por streaming, desde que perceba valor claro na experiência. Segundo a pesquisa, 49,24% dos entrevistados afirmam estar dispostos a pagar por conteúdo premium quando isso significa acesso a entretenimento de alta qualidade. Além disso, 46,55% dizem aceitar pagar por um serviço de assinatura especificamente para evitar anúncios.

Ao mesmo tempo, a publicidade aparece como um ponto de atenção na relação com as plataformas. Entre os respondentes, 64,38% afirmam que pulam anúncios assim que a opção fica disponível ao assistir vídeos online, indicando baixa tolerância à interrupção durante o consumo de conteúdo digital.

O estudo evidencia que o streaming já está incorporado à rotina dos brasileiros. Mais da metade dos entrevistados (52,59%) concorda que os serviços de streaming mudaram sua forma de assistir TV, enquanto 27,88% consideram que a TV ao vivo perdeu relevância. Esse cenário cria um ambiente no qual o uso frequente do serviço se mantém, mesmo diante de ajustes progressivos no modelo de monetização.

Segundo David Eastman, movimentos de consolidação exigirão atenção especial ao equilíbrio entre preço e experiência. “Se a Netflix avançar na integração de Warner e HBO, o Brasil vai exigir equilíbrio fino entre preço e experiência”, afirma, acrescentando que “A disposição a pagar existe, mas a paciência com fricção publicitária é limitada, então os vencedores serão aqueles que transformarem escala em valor percebido, sem degradar a experiência”.