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Sucessão: o ponto cego que ameaça o legado das empresas familiares

Por Redação

15/08/2025 08h30

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Por Rodrigo Alonso, economista, advogado e CEO da Ripol Alliance Multi-Family Office

Herdeiros não são, automaticamente, sucessores. Afinidade afetiva e competência executiva são coisas distintas. Confundir esses papéis tem custado caro a muitas famílias empresárias no Brasil. 

Mesmo sendo uma etapa essencial para a continuidade do negócio e a preservação do patrimônio, o planejamento de sucessão ainda é negligenciado por grande parte das empresas nacionais. 

Segundo pesquisa da PwC, apenas 24% das empresas familiares brasileiras possuem um plano formal de sucessão. Dados da FGV reforçam o alerta: “Cerca de 60% enfrentam dificuldades no momento da transição. Esses números revelam uma cultura empresarial resistente à institucionalização e ainda presa a modelos altamente personalistas, em que o fundador costuma centralizar decisões e personificar a identidade do negócio. Isso até pode funcionar por um tempo – mas se torna um risco grave à medida que a empresa cresce e o tempo avança”. 

Sucessão não pode ser tratada como resposta a crise, doença ou esgotamento. Deve ser encarada como um projeto estratégico de médio prazo, com planejamento, critérios objetivos e transparência. 

Idealmente, esse processo precisa começar pelo menos cinco anos antes da transição desejada e envolve mecanismos de governança empresarial, conselhos ativos e ferramentas de mediação familiar. 

Outro fator crítico é a informalidade. Mesmo empresas de médio e grande porte operam, muitas vezes, com baixa estrutura de governança, ausência de planos de desenvolvimento de lideranças e sem fóruns claros de decisão. Isso transforma a sucessão num jogo de expectativas e frustrações, gerando conflitos familiares e prejuízos ao negócio. 

A boa notícia é que existem caminhos. Consultores especializados, advogados, mediadores e gestores patrimoniais são aliados fundamentais. 

Na Ripol Alliance, Multi-Family Office que lidero desde 2015, acompanhamos processos sucessórios de empresas brasileiras com atuação no Brasil e no exterior. E posso afirmar: as famílias mais bem-sucedidas neste momento foram justamente aquelas que decidiram profissionalizar esse planejamento. 

Quando bem conduzido, o processo sucessório não apenas garante a continuidade: ele fortalece a reputação, promove a harmonia entre gerações e amplia o valor de mercado da empresa. 

Mas é sempre bom lembrar que não estamos apenas falando de números. Estamos falando de legado!