Entrevistas

Uma conversa no fim da tarde com Delen Bueno

Por Lucas Abreu

13/11/2025 16h12

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Quinta-feira, 6 de novembro, 16h30

A tela do meu computador está preenchida com a janela do WhatsApp Web. Há um novo nome na lista de contatos. Seu nome é Delen Bueno e ele é diretor comercial de uma empresa de mídia Out-Of-Home paulista (NEOOH). Sei pouco sobre ele, apenas o essencial: o nome, o cargo e o diagnóstico de um câncer colorretal. As informações foram repassadas pela minha colega de trabalho, Gabriela.

As informações ecoam em mim. Me pergunto o que eu posso perguntar a ele. Faço uma busca rápida no Google, no LinkedIn e no Instagram para colher mais informações. Vejo as empresas por onde ele passou, fotos de viagens com a esposa e trechos de entrevistas em podcasts. Tomo nota de tudo, monto um questionário e mando mensagem:

“Oi Delen, boa tarde, tudo bem? Meu nome é Lucas Abreu, sou jornalista do Nosso Meio. A diretoria me repassou o seu contato para eu checar a possibilidade de uma entrevista para o nosso portal.”

Delen me responde três minutos depois. Acha que o pedido da entrevista é para o CSO da NEOOH, o Gustavo Silva. Aviso que o convite é para ele e não para o Gustavo, e pergunto se ele tem tempo disponível na agenda para uma videoconferência. Ele me responde, logo em seguida, que está com horário livre até às 18h.

“Ótimo, deixa eu revisar o questionário base e, se tudo estiver O.K., eu te mando o link da sala para conversarmos”, respondo.

Dez minutos depois, estamos frente a frente. Delen me recebe com um sorriso e um “boa tarde” amigável. Em poucos minutos de conversa, eu percebo que ele é uma pessoa ensolarada. Explico como se dará a entrevista. Ele presta atenção em silêncio e, após eu terminar de falar, se apresenta:

“Eu não sei se você leu alguma coisa sobre mim, mas eu tenho uma experiência diferente na publicidade, porque eu aprendi a ser 360º na prática. Comecei no atendimento ao cliente em uma empresa de brocas para furadeiras chamada Dormer Tools. Depois, eu trabalhei em jornal, revista, rádio, agência, televisão e empresa de mídia Out-of-Home. Você é do Nosso Meio, né? Então, eu sou um cara multimeios”, ele brinca. “Em 2017, fundei o Amigos do Mercado ao lado do Marcos Braga. Começamos com um grupo de WhatsApp que tinha o intuito de deixar o mercado ‘mais amigável’ e fazer as pessoas trocarem contatos. Atualmente, nós temos 36 grupos e somos uma empresa. Eu cuido do RH, sento com desempregados, tomo café e ajudo eles em suas carreiras profissionais.

Gosto de tomar café. Já devo ter tomado mais de 15 mil xícaras durante toda minha carreira. Todo mundo fala que eu conheço o Brasil inteiro só por ter feito isso. Eu gosto de ter contato com as pessoas. Acho que meu perfil é ser apaixonado pelas pessoas. Em 2022, descobri um câncer colorretal, igual o da Preta Gil. Por fazer esportes todos os dias, consegui quebrar um paradigma entre os doentes, então consigo fazer quimioterapia e ainda assim, jogar bola e andar de bicicleta. Agora, estou fazendo radioterapia. São trinta sessões e hoje, eu terminei a décima.”

Por um breve momento, fico calado, absorvendo as informações. Nada daquilo é novidade, mas a forma como Delen me narra sua trajetória é diferente. É vívido, palpável, imagético… E então, adiciono uma nota mental: estou diante de um bom contador de histórias.

Agradeço a Delen pelas informações de uma maneira quase formal demais e comento com ele que temos uma certa semelhança por acreditar que contato humano é fundamental para qualquer atividade. De repente, sem cerimônia alguma, eu pergunto: “por que você decidiu virar profissional de publicidade?”.

“Quando eu era criança, eu costumava dizer para a minha mãe que, algum dia, eu iria trabalhar na televisão. Naquela época, por volta dos oito anos, eu assistia bastante televisão e, fora os comerciais que ele produzia, eu via o Washington Olivetto em vários programas, como o da Hebe. Eu virei fã do Olivetto, não só dele, mas também do Hans Donner, com aquelas aberturas que ele fazia pro Fantástico. Como eu era criativo, gostava de inventar slogans, frases e paródias, parecia certo pra mim que um dia eu fosse trabalhar na criação”, Delen responde.

“E como você foi parar no atendimento?”, pergunto, em seguida.

“Depois de algum tempo, a sua carreira vai tomando rumos inesperados. Eu comecei no marketing da Dormer Tools, mas como eu era muito comunicativo, o diretor do departamento de importação e exportação disse que eu deveria trabalhar no setor de vendas. Eu disse a ele que talvez um dia eu pudesse trabalhar na área, mas naquele momento, eu queria trabalhar com criação. Depois que eu saí da Dormer Tools, eu fui trabalhar no Diário Popular, que depois virou Diário de São Paulo. Quando ele foi comprado pela Info Globo, eu fui pra área de projetos especiais. Lá, o meu chefe Martim Novaes também me disse que, por eu ser comunicativo, eu deveria ir para a área de vendas. E eu repeti o que eu tinha dito pro diretor da Dormer Tools.”

“E quando, de fato, você foi trabalhar no comercial?”

“Em 2001, houve um corte de 300 pessoas no jornal. Eu fui uma delas. Foi então que eu conheci o Evandro Lima que me chamou pra trabalhar na Revista Penthouse, uma concorrente da Playboy. Por insistência do Evandro, eu acabei indo pro departamento comercial, mas eu só fui aprender o beabá da área, quando eu fui trabalhar na Rádio Transamérica, onde eu fiquei dois anos. Depois dela, eu fui pra Bandeirantes, onde eu participei da Rádio Band News; fui pro sistema Globo de Rádio; e voltei pra Band, onde eu trabalhei no setor de Out of Home, o que me levou a ir pra Eletromidia. Mas eu acabei voltando um tempo depois pra Band, de novo, só que na TV”.

“Mas nesse meio-período aí, a gente tem a HBO Latin American em 2014. Esse é um canal internacional. Me fala, Delen, como você foi parar lá?”.

“Em 1994, eu assistia HBO por uma distribuidora de TV à Cabo. Um dia, eu disse a mim mesmo que eu trabalharia lá e comecei a criar uma estratégia para me levar até lá. Naquela época, a gente não tinha WhatsApp, nem Instagram e nem LinkedIn. Então, eu fiz o que eu sabia fazer: tomava café com alguém que conhecia alguém que trabalhava na HBO. Eu descobri que um cara que trabalhava lá jogava bola numa quadra do Morumbi. Eu ficava lá esperando pra ter uma chance de jogar bola com ele e os amigos. Foi só em 2004, que eu tive a oportunidade de jogar com eles e fui vendo o que eu tinha que fazer. Eu tinha que aprender inglês e espanhol, e como um aluno de escola estadual, eu aprendia outras línguas tocando violão. Mas eu tinha que ir além disso, então eu aproveitei uma promoção de uma escola de inglês onde se você fizesse o curso de inglês, você também poderia aprender o espanhol. Eu me apaixonei pelo espanhol”.

“Então foram dez anos desse contato com esse pessoal que trabalhava na HBO até a sua ida para lá?”, pergunto admirado e adiciono em minhas notas mentais que Delen Bueno é um homem paciente e dedicado.

“Em 2014, meu telefone tocou. Era uma headhunter com uma oportunidade para trabalhar lá na HBO. Quando eu fui fazer a entrevista, eu fiquei emocionado. O local era todo envelopado de Game of Thrones. Eu disse a mim mesmo que eu não podia errar. Fiz três processos seletivos e consegui o emprego. Fiquei quatro anos lá, participei do lançamento do Cinemax e do Canal Zero, trabalhei em Miami, conheci a América Latina toda e tive o prazer de trabalhar no time de Game of Thrones, que pra mim, é um dos maiores produtos que eu já trabalhei na minha vida”.

“E você gostou do final da série?”, provoco.

Entre os finais mais controversos da televisão, “Game of Thrones” não escapa da lista. Delen deve saber disso, afinal ele assistiu. Acompanho ele ponderar, com curiosidade, e me pergunto se as impressões dele são tão negativas quanto as minhas. No fim, Delen se comporta como um diplomata do Norte de Westeros.

“Sinceramente, eu esperava mais. Quando se trata da HBO, a gente nunca pode esperar um final feliz. Era uma série com 50 personagens onde você torcia para os 50. O final serial algo diferente, eu só não esperava torcer por um dragão”, ele responde.

Uma terceira nota mental: Delen Bueno seria um Stark.

“E o período na Jovem Pan, como foi?”

“Na época da pandemia, a Band explodiu na audiência, porque estava todo mundo em casa assistindo televisão. Em 2021, eu fui pra Jovem Pan, e acabei lançando o canal do zero, fazendo a tabela de preços. Hoje, a operação completa quatro anos e eu me orgulho do trabalho realizado lá, mesmo com pouco tempo de casa. Em 2022, eu vim pra NEOOH. Nossa operação era pequena ainda, mas hoje a gente está inaugurando um escritório de 1600 m2. Uma coisa é certa, Lucas, eu nunca trabalhei por dinheiro, mas sempre pelo projeto e pelas pessoas. Acho que é isso que me motiva todo dia a realizar o que eu quero realizar.”

Definitivamente, ele seria um Stark.

“O que um profissional precisa ter, entre hard skill e soft skills, para atuar no setor comercial de uma empresa?”

“Você precisar gostar de gente. Quando você está na área de vendas, você representa uma empresa, então quando eu tomo café com alguém, eu estou representando outras 300 pessoas além mim. Nós somos a cara e o coração da empresa, então é necessário que se goste de pessoas e também saiba sobre tudo. Eu leio bastante jornal, porque um cliente que senta comigo quer que eu saiba desde a Política até a Economia, e até a Demografia”.

“Algo mais?”

“Resiliência, porque você sempre vai tomar alguns não e sempre vai haver um concorrente que vai conseguir aquele ‘sim’ que você queria. E também curiosidade e escuta ativa, porque o cliente quer que você entenda os problemas dele e consiga resolvê-los.”

Irônico. O setor comercial tem atividades completamente diferentes de uma redação de jornal. Entretanto, pelas respostas de Delen, eles parecem convergir em certas habilidades. Naquele momento, eu me vejo em Delen e me pergunto se ele sabe que eu também ouço bastante o que ele me responde.

“Para ser um bom jornalista, é preciso ter curiosidade para saber de tudo e resiliência para lidar com as pessoas”, um professor da universidade me disse isso uma vez. Me pergunto se Delen ouviu algo parecido em algum momento na universidade ou entre os 16 empregos que ele já teve. Me pergunto se ele identifica em mim alguém que ele já foi nos vinte e poucos anos. No começo da conversa, eu nos achava bastante diferentes… Não por vaidades ou egos, apenas por escolhas de carreiras diferentes.

Mantenho esses questionamentos para mim. Isso não vem ao caso, outro assunto está batendo a porta. Engulo seco e pergunto:

“Além da NEOOH, você tem o Amigos do Mercado, onde você administra os grupos do WhatsApp e também o RH. Como você administra seu tempo entre as atividades que você desempenha nas duas empresas e sua vida pessoal?”

“Eu sou um cara muito disciplinado. Eu tive a oportunidade de servir ao exército e foi lá onde eu aprendi isso, como também a trabalhar em grupo. Eu nunca deixo nada para depois. Se eu tiver que responder um e-mail, eu faço isso na hora, então isso me deixa com mais tempo livre no futuro. Eu também tomo decisões muito rápido e me desligo muito fácil de uma atividade quando parto pra outro. Se eu saio do trabalho às 20h de uma sexta-feira, eu estou de férias dele até a segunda-feira. Então, eu fico mais tranquilo pra aproveitar meu tempo com a Cris, com quem eu estou há 25 anos, viajando pelo mundo. Nós já visitamos 55 países, e a gente teria viajado mais se não fosse a pandemia e também o tratamento oncológico”.

O outro assunto chegou: o câncer colorretal. Com exceção da introdução, o assunto pareceu distante ao longo da conversa, e o retorno dele é estranho, porque Delen não parece estar doente. Não há sinal de cansaço, desgaste ou sequela mínima das sessões de quimio e radioterapia. Tenho consciência de que nem todo paciente oncológico é igual, mas olhar para Delen e saber que ele tinha câncer em estágio três há pouco mais de três anos, parece algo vindo de uma realidade dicotômica.

“Eu quero abordar um pouco sobre o câncer. Você se importaria em me contar a sua história com a doença?”, pergunto, com certo receio, mas Delen é transparente.

“Era agosto de 2022. Eu fui almoçar no Shopping Morumbi e comecei a sentir uma dor forte na barriga. Eu fiquei dois dias sem ir ao banheiro direito e estranhei, porque eu sempre costumava ir com frequência. Eu achei que o problema da dor e da diminuição da frequência eram por conta dos abdominais que eu fazia e por ter comido muita comida natural. Então, eu ‘bati um prato’ de macarrão a bolonhesa pra ver se resolvia e a dor aumentou. Liguei pra Cris no fim do dia 5 de agosto e disse que eu ia pro hospital. Ela me pediu para busca-la, mas como estava doendo muito, eu disse que não daria tempo e fui direto pro hospital.

Cheguei no hospital, achando que era uma apendicite e fui fazer uma bateria de exames das oito da noite até as oito da manhã. Depois disso, a doutora que me atendeu disse: ‘você tem um câncer de colo’. É difícil receber a notícia, mas eu tenho muita fé. Então, eu só agradeci por ter descoberto a doença silenciosa e perguntei quem era o melhor médico para me operar. Três dias depois, no dia 8 de agosto, às oito horas, o Dr. Marcelo Linhares me operou e retirou 15cm de intestino.

Era um câncer maligno, e a parte ruim de um câncer maligno é que ele é que nem o Esqueleto do He-Man: ele volta. O câncer entrou em remissão no abdômen em novembro de 2024. Eu passei por outra cirurgia para retirar o peritônio e estou fazendo as radioterapias que eu te falei. São 30, já foram 10”.

“Foi mais difícil descobrir a doença pela primeira vez ou descobrir que ela tinha voltado?”

“Eu já esperava pela remissão. A parte mais difícil foi contar para os meus pais. É um momento fora da natureza, porque nenhum pai espera que um filho vá antes dele. Mas eu não chorei em nenhum momento. Eu fiquei igual a como eu estou com você aqui. Deus é tão bom de um jeito, Lucas, que por causa do meu câncer, minha mãe descobriu que também estava com a doença, mas em estágio um. Hoje, ela está curada e completou 80 anos há duas semanas”.

“Além do âmbito pessoal, o câncer também afetou o teu âmbito profissional? Você chegou a contar a os seus colegas de trabalho sobre estar doente?

“Eu fui bastante acolhido no trabalho, especialmente pelo Leonardo [Chebly] e pelo Gustavo [Silva] que me mandaram flores e até foram me visitar no hospital. Esse apoio é muito importante pra um paciente oncológico e um apelo que eu faço pros líderes de RH é que não abandonem essas pessoas. O que mata um paciente oncológico não é a doença, é quando mandam ele embora, quando a pessoa fica sozinha. Quando você enfrente o câncer, você está enfrentando algo desconhecido, e quando você enfrenta sozinho, as vezes você não consegue vencer”.

“E você teve medo de enfrentar esse desconhecido?”

“Acho que o único medo que eu senti foi quando caiu a ficha que a gente está só de passagem. E de certa forma, você perde o controle da sua vida. Eu não posso te chamar pra ir ver a Copa do Mundo ano que vem nos Estados Unidos, porque não dá pra pensar nisso sendo um paciente oncológico. Você não sabe se vai estar aqui ano que vem com a sua família no Natal. Quem recebe um diagnóstico, precisa tomar um café com um psicólogo, porque os seus demônios vão te acordar com mais frequência de madrugada. Acho que nem minha família tem ideia do que eu passei nos períodos de crise”, Delen confessa.

Um silêncio momentâneo. Quero dizer alguma coisa, mas não sei exatamente o quê, então me calo. Penso na efemeridade humana, na perca de controle e nos planos interrompidos. Penso nas pessoas que conheci e que, um dia, se foram por causa do câncer. Será que elas enfrentaram os mesmos demônios que o Delen enfrentou? Será que elas tiveram o mesmo apoio que ele?

Não quero ser apelativo, nem melodramático. Não gosto disso, mas é difícil não pensar nessas coisas quando outro ser humano na sua frente te relata tudo. A empatia te obriga a sentir e a torcer por um cenário otimista no futuro.

Faço um pequeno bate-bola com Delen. Pergunto a ele sobre sua cor, filme e livros favoritos; sobre o que sua família representa; sobre o que a Cris significa para ele. Ele me responde quase no mesmo instante: “Cor: azul; filme: Rocky; livro: O Segredo do Lobo; família: é tudo; Cris: mulher da minha vida”.

A última pergunta: “O que você espera do futuro?”. Delen pensa, passa a mão no queixo e respira fundo. Ele olha direto para a câmera, em minha direção, e dá um meio sorriso.

“Eu acho que eu já realizei todos os sonhos que eu tinha no ambiente profissional. Eu queria ser um cara 360º e me tornei um. Hoje, eu estou numa fase em que eu quero criar novos profissionais para o futuro. Novos Delens, novos Fernandos, novas Gabrielas, novos Lucases. Quero desenvolver pessoas pra esse futuro e repassar a elas tudo que eu aprendi. Espero que o mercado seja mais diverso, não apenas no LinkedIn, mas na realidade, de fato. Quero que todo mundo tenha a mesma oportunidade, vindo de uma escola estadual ou particular, de uma universidade top ou de uma mais acessível”.

“No bom paulista, você quer que todo mundo seja capaz de fazer o seu ‘corre’”.

“Exatamente, eu quero que todo mundo seja capaz de fazer o seu ‘corre’!”

“E no ambiente pessoal, o que você espera?”

“Ir em um casamento na Itália. A família da Cris é de Florença e eu morro de vontade de ir num casamento de alguma prima solteiro dela. Quem sabe, o casamento não possa ser o meu. Depois de 30 anos, é bom renovar os votos”.

Delen e eu rimos. Eu paro de anotar. Vejo minha lista de perguntas e não há nada mais a ser questionado. Me despeço dele com um muito obrigado. Ele me responde que se sente honrado em ter cedido uma entrevista a mim. Ele sai da videoconferência e eu me encaro na tela do computador.

Olho para o relógio. São 18h. O expediente acabou.

Quarta-feira, 12 de novembro, 08h17

O expediente começou há 17 minutos. Recebo uma mensagem de Delen:

“Bom dia Lucas, tudo bem? Faltou eu falar no nosso papo que eu sou muito fã do Silvio Santos”.

Abro um sorriso. Respondo a ele que ainda não terminei de redigir a matéria, por conta dos dias agitados na redação – o que é verdade, por sinal. Digo que vou incluir a informação e a matéria em breve será publicada. Ele me agradece e responde que tudo acontece no tempo de Deus.

Abro o arquivo com esqueleto do texto e crio um novo para a versão final. Reviso o esqueleto uma última vez e no espaço em branco da folha, escrevo:

“Quinta-feira, 6 de novembro, 16h30…”.