As big techs deixarão de existir? Conheça a proposta da nova fase da internet e o que muda para as gigantes de tecnologia
A internet é dominada por grandes empresas de tecnologia, como Amazon, Microsoft, Facebook e Google, que estabeleceram regras de como os usuários devem consumir conteúdo e interagir com as plataformas de mídias sociais, abrindo mão da posse de seus dados. O amadurecimento dessa questão fez com que Governos e sociedade entendessem como os direcionadores destes negócios baseados em engajamento podem trazer prejuízos sociais tão importantes que merecem uma regulação clara.
No meio disso, está surgindo a Web 3.0, ou Web3, nova fase da internet que prevê uma rede mais segura, descentralizada, aberta e confiável, sendo estes elementos refletidos nos modelos de negócios. Aqui, podemos navegar na internet em redes blockchains (a forma mais difundida atualmente), P2P (servidores) ou uma combinação dos dois que formam um protocolo criptoeconômico.
Na prática, isso significa que os usuários irão interagir diretamente sem passar por um servidor intermediário, que facilita a monitoração e controle de dados pelas big techs, como acontece hoje. A promessa é de que isso desestabilize os enormes bancos de dados atualmente mantidos por gigantes da internet. Por isso, tecnologia blockchain é o futuro quando se trata de privacidade. Essa nova fase da internet também permite que os computadores interpretem um volume muito maior de dados. A Web3 promete unir a informação às novas tecnologias de inteligência artificial, segurança de dados via blockchain e realidade virtual aumentada.
Para 2022, podemos esperar uma nova onda de startups explorando mercados em nascimento, ambientes de metaverso em “disputa”, negócios de Cripto gerando valor tangível/ não especulativo, novos serviços financeiros, novas regulamentações buscando segurança e responsabilização dos usuários, além de tecnologias e oportunidades para o varejo. Esse novo contexto desestabiliza o modelo de negócio das big techs?
Para o pesquisador Silvio Koiti Sato a resposta é não. Segundo o professor da USP, “estamos tão inseridos no sistema das big techs que, provavelmente, nos manteremos nele para fazer a transição em direção à Web3. Aposto em uma repaginada do modelo de negócio das gigantes de tecnologia onde a transparência deve ser mais cobrada e por isso, políticas de controle de dados devem ser mudadas para se adequar ao futuro, onde o ambiente digital é livre e centralizado no usuário. Apesar disso, entendo que é necessário amadurecer a legislação sobre a internet, pois como ônus, teremos cada vez mais dificuldade de responsabilizar pessoas pelo o que circula na rede”, ressalta.
Silvio Koiti Sato é professor no curso de Publicidade e Propaganda da ECA-USP e ESPM. Desenvolveu carreira profissional como executivo das áreas de Branding, Comunicação e Marketing. Atualmente, é pesquisador e sócio-fundador da Casa Semio, consultoria de pesquisa de mercado e comunicação que desenvolve projetos que envolvem Semiótica, Marca e Tendências de Consumo.