Economia

Vantagens competitivas e oportunidades são apresentadas por Paulo Câmara, Presidente do BNB, no Perspectivas Nordeste 2024

Por Luiza Sampaio

26/01/2024 18h34

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O executivo destaca que “o Nordeste faz muito tempo que deixou de ser o problema e hoje é parte da solução”

Na noite desta quinta-feira (25), 150 profissionais se reuniram no Perspectivas Nordeste 2024, para debater o futuro da região como mola propulsora do Brasil. Um dos convidados para apresentar seu posicionamento e algumas pesquisas sobre o tema foi o Presidente do Banco do Nordeste do Brasil (BNB), Paulo Câmara. O executivo trouxe em suas falas projeções de investimentos e oportunidades para a região em 2024.

Ao iniciar sua fala, o Presidente fez uma breve apresentação do Banco do Nordeste para o público e destacou que o órgão é atualmente o maior banco de desenvolvimento regional da América Latina, comportando cerca de 5,7 milhões de clientes ativos em mais de dois mil municípios brasileiros. 

“O Nordeste faz muito tempo que deixou de ser o problema e hoje é parte da solução, estamos trabalhando cada vez mais para que a região cresça e contribua para o desenvolvimento do Brasil”, diz.

Crédito: JCD Produções

Diante da responsabilidade enquanto Presidente, Câmara pontua os desafios que a região tem enfrentado. Ele mostra que o PIB do Nordeste representa cerca de 14% do PIB do Brasil, mas corresponde a 28,3% da população brasileira. Outro fator que corrobora como desafio é que apesar de ser a região que tem o maior número de portos em condições de exportação, o Nordeste apresenta a necessidade de investimentos para modernização deste setor.

“Se o Brasil quiser ser um país sem desigualdade regional, terá que investir para que o PIB do NE cresça o dobro do Brasil nos próximos 8 anos”, destaca.

Paulo conta que no final dos anos 90, a região viveu um apagão. Em pouco mais de 20 anos, o Nordeste se tornou a região que mais gera energia limpa no Brasil, se tornando exportadora de energia elétrica. O que desponta uma importante vantagem competitiva para o cenário mundial com maior compliance ambiental. 

“Essa é uma vantagem competitiva que devemos trabalhar com muito planejamento, dedicação e foco”, alerta. 

Ao falar sobre as perspectivas positivas para região nos próximos anos, o Presidente destaca que o crescimento da atividade econômica do Nordeste deverá ser superior à média do Brasil nos próximos anos, de forma que o setor de Serviços deva permanecer com participação superior de 70% da economia local. 

“Projeta-se que o PIB per capita do Nordeste apresente crescimento nominal superior a 50% até 2030”, destaca. 

Paulo explicou um pouco do que considera “o coração do Banco do Nordeste”, o Fundo Constitucional – FNE, o qual tem como objetivo contribuir para o desenvolvimento econômico e social do Nordeste, além de priorizar os projetos de mini e pequenos produtores rurais e micro e pequenas empresas. Ele aproveita para apresentar algumas metas previstas do FNE para o ano de 2024. 

O Presidente finaliza destacando como a região se apresenta como um território fértil para investimentos e lista cinco oportunidades com capacidade de crescimento:

  • Agronegócio:

“A influência de quem faz agronegócio na nossa região está cada vez mais crescendo. Se fala muito do Centro-Oeste, mas vocês podem ter certeza que o Nordeste já está chegando no nível de eficiência tão grande quanto o Centro-Oeste, e se continuarmos nesta velocidade, iremos superar esta região”, destaca.

  • Energia Eólica

Olhando para o futuro, o Plano Decenal de Expansão de Energia 2031 (PDE 2031), publicado pela Empresa de Pesquisa Energética (EPE), prevê serem implantados no Nordeste, no horizonte do Plano (2022-2031), novos 10.689 MW de potência eólica. Considerando a expansão prevista no PDE 2031, estima-se que a fonte eólica demandará investimentos no Nordeste na or­dem de R$53,4 bilhões.

“Visualmente é possível ver o crescimento dos parques eólicos, isso é um benefício natural que a nossa região oferece, ter muito vento e muito sol. A gente tem se aproveitado bem desse benefício e investido nesses negócios. De acordo com a Aneel, o Nordeste sedia 92,8% da potência instalada para geração. Isso faz com que cresçamos cada vez mais neste âmbito sendo referência no mundo “, pontua. 

  • Saneamento

O BNB aplicou no ano  R$ 4,8 bi de FNE em saneamento nos últimos 5 anos.

“É uma oportunidade que o banco vê como fundamental e oportuna, assim como a energia solar e eólica”, destaca.

  • Hidrogênio Verde:

“Isso é uma discussão de todos os lugares, estamos recebendo muitos projetos, sendo o Ceará o estado com maior rotativo de projetos, isso é uma discussão em nível mundial e a gente tem conseguido acompanhar em uma velocidade grande, mostrando o potencial que nós temos. Então é uma oportunidade de extrema relevância e que nós não podemos deixar passar”, enfatiza. 

  • Logística:

O setor demonstra ser uma das oportunidades de investimento para o banco, que planeja investir mais de 2 bilhões de reais no segmento. 

“A gente tem um caminho muito grande, porque tem uma priorização por parte do Governo Federal no novo pacto de ampliar o financiamentos no impacto da logística regional. Estamos vendo muitas coisas acontecendo, inclusive a transnordestina que vai chegar em Quixeramobim no Ceará. Modal rodoviário e ferroviário estão dentro do planejamento para este ano”, pontua. 

  • Turismo:

O Nordeste tem grandes vantagens comparativas no turismo de lazer em virtude do seu litoral e da sua cultura rica e diversificada. O setor de alojamento (hotelaria), notadamente os resorts, é um importante consumidor de alimentos, o que gera uma forte demanda para a produção local. A infraestrutura de aeroportos permite uma logística de fácil acesso aos melhores destinos.