No Dia do Fotógrafo, o Nosso Meio relembra a trajetória do ícone pioneiro da publicidade brasileira na década de 1940
Em 1948, o cearense Chico Albuquerque revolucionou o mercado da propaganda no Brasil. Ele foi o primeiro fotógrafo no país a produzir uma campanha publicitária que registrou produto e modelo em fotografia. O projeto foi desenvolvido para a marca Johnson & Johnson, assinado pela agência J.W. Thompson, um verdadeiro divisor de águas na história da publicidade nacional. Até então as campanhas eram concebidas para utilizar apenas ilustrações e desenhos. Assim, Chico Albuquerque deu início a um mercado inexplorado no Brasil.
Chico foi chefe de equipe que montou o departamento de fotografia da Editora Abril na virada dos anos 1960-1970. Além disso, foi um exímio retratista de personalidades e ensaísta apaixonado pelos temas típicos do Ceará. Entre as décadas de 1950 e 1970, trabalhou intensamente com propaganda e campanhas comissionadas, atendendo clientes de setores como indústria automobilística, moda, alimentos e arquitetura. Todas essas vertentes do trabalho de Chico Albuquerque resultaram num acervo de cerca de 70 mil imagens ao longo da sua carreira.
Chico Albuquerque participou das históricas filmagens de It’s all true, de Orson Welles (Ceará, 1942), como fotógrafo de cena. A experiência o marcaria profundamente e inspiraria seu ensaio mais célebre, Mucuripe, de 1952. Mudou-se para São Paulo em 1947 e abriu um dos mais bem equipados estúdios da cidade. Em 1952 apresentou a mostra individual Jangadas no Museu de Arte de São Paulo-Masp. Participou de mostras nacionais e internacionais, com diversas premiações, com medalhas de Ouro em Frankfurt, Turim e Buenos Aires. Retornou a Fortaleza em 1975, onde montou um novo estúdio e trabalhou até sua morte, em 2000.
Chico Albuquerque iniciou a carreira no cinema, aos 15 anos, como auxiliar do pai, Adhemar Albuquerque, também cinegrafista amador. Foi produzindo retratos no estúdio Aba Film, fundado pelo pai, que deu os primeiros passos na fotografia. Especializou-se em retratos. Diante de sua lente, passaram personalidades como Victor Brecheret, Ronald Golias, Jânio Quadros e Hilda Hilst.
Paixão pelo Ceará
Uma das vertentes de seu trabalho centrava-se em temáticas cearenses. Foi em 1952 que Chico Albuquerque realizou um de seus ensaios mais importantes. “Mucuripe” foi fotografado em um preto e branco de forte inclinação épica para destacar a paisagem e a vida dos jangadeiros. Tema semelhante seria abordado por ele mais de 30 anos depois, agora em cores, no ensaio Jericoacoara. Também coloridas são as fotografias da série Frutas, de 1978, verdadeiras naturezas-mortas. Após voltar a morar em Fortaleza, foi convidado a assumir, como consultor, a coordenação de um grupo de 12 repórteres fotográficos de O Povo. Ele começou reformulando o laboratório, espaço fundamental para o desenvolvimento profissional dos novos fotógrafos. O grupo se transformaria na primeira equipe de trabalho do jornal.
*Com informações do Instituto Moreira Sales
Campanha para a câmera Kodak Rio-400, 1965 J. Walter Thompson Company do Brasil. Chico Albuquerque
Hilda Hilst, 1952, São Paulo. Chico Albuquerque
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