Opinião
Pois se não tem, tenha. Afinal, as mudanças que têm acontecido no universo digital, como as novas leis de proteção e as restrições ao uso de cookies não deixam outro caminho para quem já se deu conta da importância do controle dos dados para as organizações. Afinal, não são eles o “novo petróleo”, como repetem os grandes executivos globais, reproduzindo a frase atribuída ao matemático Clive Humby? Então, é mais do que necessário ter atenção em como se entrega tanta riqueza na mão de terceiros, especialmente em um momento em que as limitações de uso têm tornado ainda mais desafiantes as aplicações dos dados como recursos para o entendimento e a interação com os públicos-alvo das empresas.
Quando criados, os cookies se tornaram grandes aliados da mídia programática e do marketing digital no desenvolvimento de campanhas digitais para impactar consumidores de produtos e serviços. Denominados como pequenos arquivos temporários, esses bytes armazenam informações sobre os consumidores na internet. Comercializados na rede entre as organizações, eles têm servido para analisar o comportamento dos usuários da web, no direcionamento da publicidade, na segmentação do público, entre uma série de outras ações, trazendo mais eficácia nessa relação comercial com os grupos de seus interesses.
Com a Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD) e as restrições impostas pela Apple e pelo Google ao uso dos cookies, é preciso que as empresas e todo o mercado AdTech, na verdade, repensem rapidamente sobre os novos modelos de privacidade para não serem tão impactadas pelo cenário que se antecipa, levando as empresas ao tempo “pré-histórico” dos simples banners patrocinados que não permitiam nem grandes interações com os usuários da web, nem o uso mais racional e efetivo para quem atua no mundo dos negócios on-line.
Para isso, é fundamental que as empresas tenham consciência da importância do controle dos seus dados, da construção de um banco de dados consistente e de uma gestão desse recurso mais eficiente. A internalização das ações de mídia é uma das soluções para garantir esse maior controle das mensagens e transparência nas transações, assim como melhor retorno do uso de dados, uma vez que isso possibilita entender melhor o consumidor e a agilidade para interagir com ele, a otimização da segmentação, maior ROI (Retorno sobre Investimento), mais resultados no mix de planejamento de mídia, enfim, um canal mais preciso e eficaz.
Um modelo assim, no entanto, requer uma mentalidade focada nas necessidades dos clientes, o que se traduz em um time com habilidades para isso, parceiros que entendam que precisam atuar com este foco e ferramentas que possam garantir esse tipo de orquestração de mídia on-line. Ou seja, gente que não apenas saiba que os dados valem como petróleo, mas que também tenham conhecimento sobre como extraí-lo, refiná-lo e tirar dele o seu melhor para que, de fato, possa ser um combustível útil para o desenvolvimento das empresas.
Marcos Saurin
Country Manager da Myntelligence, multinacional de tecnologia com foco em marketing digital que acaba de oficializar a operação no Brasil. Com mais de 15 anos de atuação em marketing digital e mídia, o ítalo-argentino construiu uma carreira no país, onde mora há 12 anos, encabeçando operações de mídia de performance para grandes marcas e anunciantes, como DM9DDB, Nova Pontocom, Accenture e WMcCann. Graduado em economia e marketing pela Universidade de Bologna, Itália, ele é movido pela constante busca do aperfeiçoamento de metodologias e otimização de resultados de parceiros e clientes. Para Saurin, automatizar processos tradicionais e repetitivos do marketing digital é libertar a criatividade, a inteligência estratégica e a mentalidade inovadora dos profissionais de empresas interessados, de fato, na implementação da transformação digital.