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Conheça Larissa Nobre: publicitária, cearense e única finalista brasileira no concurso internacional de fotografia WRI Brasil

Publicado em

15/09/2023 11h17

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O olhar carinhoso por trás das câmeras, levou Larissa, às telas da Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas pela segunda vez

Larissa Nobre, a jovem fotógrafa cearense que foi finalista do concurso internacional “Cocriando as cidades que merecemos”, do projeto Alianças Para Transformação Urbana, do World Resources Institute Brasil (WRI Brasil). Atuante na Secretaria de Urbanismo e Meio Ambiente de Fortaleza (Seuma), Larissa fez o registro de dona Aglais, professora e moradora do bairro Presidente Kennedy, na praça Rachel de Queiroz. Do total de 534 fotos de 48 países diferentes, o registro da fotógrafa ganhou o mundo e a levou a alcançar a final do concurso.

No concurso, Larissa terminou a competição no quarto lugar geral, mas sua foto ainda será exposta na Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP 28), em Dubai.

Foto finalista

Para entender os bastidores da criação da obra e da conquista de Larissa, o Nosso Meio convidou a fotógrafa para uma entrevista ping-pong, onde ela conta os desafios e sensações que viveu nessa jornada. Confira:

Nosso Meio (NM): Você é a única finalista brasileira no concurso internacional de fotografia “Cocriando as cidades que merecemos”, do projeto Alianças Para Transformação Urbana, do World Resources Institute Brasil (WRI Brasil). Como se deu o processo que antecede essa conquista e que diferencial você buscou para garantir essa vitória?

Larissa Nobre (LN): Não sei como é viver sem a fotografia, ela sempre esteve aqui. Meus pais são fotógrafos comerciais, quando recordo da minha infância, os meses de dezembro sempre eram muito agitados para eles, muita gente revelava fotos nesse período. Consequentemente o meu primeiro contato com a fotografia profissional foi de forma muito prática e mercadológica, precisei de experiências, estudos e amadurecimento para compreender a importância da narrativa e perceber a câmera como uma extensão de mim.

Sou uma escritora, mas minha linguagem é a luz.

O que trouxemos na fotografia foi verdade. Uma história verdadeira. O parque por si só é um equipamento totalmente diferente do que estamos habituados a ver na nossa cidade. Ouvir a história de Aglais e entender o seu papel na concepção do todo foi literalmente responder a pergunta do concurso: Aglais cocria a cidade que merecemos. Verde, moderna, inovadora e reconhecida. Eu apostei muito nessa dupla e deu certo.

NM: Foram 534 fotos de 48 países diferentes na competição. Qual referências sociais você buscou para sua obra ganhar um destaque?

LN: Minha autora preferida na fotografia é a filósofa Susan Sontag, ela diz que a fotografia sempre é um testemunho, mas mesmo com a intenção de propagar a realidade, sempre existirá a pessoalidade do fotógrafo no processo.

A minha visão de Aglais é de uma mulher e educadora que conseguiu fazer diferença na cidade aonde eu nasci, fui criada e resido. E para isso, ela precisou de tempo, 30 anos.

A ideia de “borrar” as pessoas ao seu redor foi a forma que eu encontrei de trazer esse movimento, o passar dos anos e sua presença firma e insistente no Rachel. O ponto onde ela se encontra do parque, traz a reflexão de que todos os caminhos se cruzam em torno da reinvidicação popular, personalizada em Aglais. E sobre os “vultos” na fotografia, precisei do que Cartier-Bresson nomeia “instante decisivo”, estar na hora certo, no lugar certo. Os coadjuvantes estarem em cena no momento do clique.

NM: Sendo a única cearense e brasileira nesta lista, como você sente que sua representação carrega as referências regionais?

LN: Ainda não caiu a ficha quando falam “única cearense, única brasileira”, nunca imaginei tamanha proporção!

Sempre tive muito orgulho de onde nasci, meu “país Ceará” carrega uma história profunda com cenários arrebatadores. Dona Aglais já é a referência viva disso: mulher, nordestina, resiliente.

NM: Sua foto ainda será exposta na Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP 28), em Dubai. Pessoalmente, como a “Larissa criança” visualiza a “Larissa de hoje” ganhando esse reconhecimento?

LN: É interessante, porque não é a minha primeira vez numa COP. No ano passado eu tive a honra de ter uma outra fotografia exposta na COP 27, no Egito.

Quando eles lançaram o vídeo de divulgação, minhas mãos não conseguiam parar de tremer, meus olhos ficaram marejados. Minha família, por parte de pai e mãe, são de origem humilde. Até esse ano, eu nunca tinha saído do Brasil e vi minha voz, por meio do meu trabalho e minha verdade, ganhar o mundo.

Ter o privilégio de novamente ter uma parte minha num evento com os maiores líderes globais no que diz respeito à mudanças climáticas, acalanta a Larissa criança, quase um ninar “calma, pequenina, sua vida tem propósito e vai tocar a vida de muitas outras”.

Registro pessoal de Larissa quando criança

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