Análise

Conselheiro de empresas, Guilherme Pequeno, comenta sobre vendas e aquisições da Natura

Publicado em

27/11/2023 18h07

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“O movimento de compra e venda tem a ver com o movimento estratégico do negócio”, comenta Guilherme sobre venda da The Body Shop

A empresa brasileira de cosméticos, Natura &Co, anunciou, recentemente, que assinou um acordo vinculativo para vender sua subsidiária The Body Shop ao investidor privado Aurelius Group em um negócio avaliado em 207 milhões de libras (254,32 milhões de dólares). A movimentação representa a segunda grande venda do grupo neste ano, seguida pela negociação da marca de luxo Aesop com a L’Oreal, em abril deste ano, pelo valor de US$ 2,53 bilhões.

Guilherme Pequeno, sócio da Gomes de Matos Consultoria e Conselheiro de Empresas, comenta o que significa esses passos ousados dados pela empresa de cosméticos.

A venda e compra de empresas por um grupo, faz parte da sua estratégia de consolidação, ou de sua expansão, ou de otimização de ativos, ou de crescimento dos seus ativos em um determinado mercado. Então é muito comum empresas fazerem aquisições quando estão com caixa forte e fazerem venda quando entendem que aquele ativo já não mais contribui com a estratégia do negócio ou já não otimizam suas estruturas”, comenta Guilherme.

Provando o argumento do conselheiro, a Natura divulgou em comunicado que “A transação de venda apoiará os esforços da Natura & Co para otimizar suas operações e simplificar seus negócios, além de posicioná-la para focar em prioridades estratégicas”. A Natura cresceu rapidamente através de aquisições de alto perfil, incluindo a de The Body Shop, Aesop e Avon International, mas acabou tendo problemas de rentabilidade, o que a levou a iniciar, no ano passado, uma busca por “disciplina” para voltar a obter lucros.

“O movimento de compra e venda tem a ver com o movimento estratégico do negócio”, confirma Guilherme Pequeno.

Segundo o CEO da Natura, Fabio Barbosa, a The Body Shop serviu como lição para a Natura. “Ficou a lição de que não conhecemos varejo o suficiente mundo afora para fazer as mudanças necessárias. O Aurelius tem essa experiência, mais expertise. E eles vão até levar adiante algumas das coisas que pensamos para a The Body Shop”, afirmou.

Guilherme comenta sobre a normalidade dessas ações dentro do mundo dos negócios, uma vez que, a princípio, a decisão de compra parece ser um passo assertivo.

“Então, com relação a venda de empresa, os sócios, executivos de um negócio, eles têm um papel fundamental de garantir a perpetuidade do negócio e a performance financeira no curto prazo. Então, muitas vezes, dentro de uma estratégia de crescimento, você traz ativos que você acredita que vão contribuir com o crescimento longo prazo e no decorrer da jornada você descobre que aquele ativo não está contribuindo tão efetivamente. Se a empresa perder o caixa, é o momento de desfazer alguns ativos para não ter empates financeiros mais fortes”, pontua.

Ao ser questionado sobre como essas movimentações são comunicadas ao colaboradores da empresa, Guilherme pontua que, por ser uma empresa de capital aberto, essas iniciativas já são esperadas pelos colaboradores e a transparência é o segredo para que as vendas e aquisições sejam partilhadas com os cooperadores.

“Quem trabalha em empresa de capital aberto, de alguma forma, espera movimentos de aquisição e de venda de ativos muito maior do que quem trabalha em uma empresa que não tem capital aberto ou empresa familiar. Porque toda empresa de capital aberto ela tem acesso a recursos por meio de emissão de ações, de debêntures em condição mais competitiva para fazer sua estratégia de crescimento. E sempre em qualquer estratégia de crescimento vai estar entre um dos caminhos a fusão e aquisição. E, quando você tem fusões e aquisições em algum momento também pode ter venda de ativos. Então o importante é que a Natura transpareça para seus colaboradores, qual é o movimento estratégico pensando no médio e longo prazo. E desse movimento estratégico muitas vezes o desfazimento de um ativo faz parte da estratégia de geração de caixa, como a compra de uma empresa vai fazer parte da estratégia de expansão e otimização em qualquer momento”, finaliza Guilherme.