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O Dia do Fotógrafo e a subjetividade do olhar: como gerar emoções através das lentes

Por Luiza Sampaio

08/01/2024 14h44

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Os cearenses Larissa Nobre, Millin Albuquerque, Cecília Cinde e Wilton Hoots contam suas experiências

Nesta segunda-feira (08), o Brasil celebra o Dia do Fotógrafo, uma data que remete à criação da primeira câmera fotográfica no país. Em 8 de janeiro de 1840, o daguerreótipo, um dos primeiros processos fotográficos, foi oficialmente anunciado na França, tendo uma significativa repercussão mundial, incluindo no território brasileiro. Para oferecer uma visão dos bastidores da atualidade da fotografia cearense, o Nosso Meio conversou com quatro profissionais do estado: Larissa Nobre, Millin Albuquerque, Cecília Cinde e Wilton Hoots, que através de suas lentes, capturam emoções e histórias.

Larissa Nobre: A busca pela espontaneidade e intimidade

Larissa Nobre, fotógrafa especializada em casamentos e eventos corporativos, tem conquistado não apenas o cenário nacional, mas também representou o Brasil na Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas. Sua jornada na fotografia começou com experimentações, testes e erros. 

Confira também: Conheça Larissa Nobre: publicitária, cearense e única finalista brasileira no concurso internacional de fotografia WRI Brasil

“A intimidade com a fotografia veio a partir das experimentações,” compartilha Larissa, destacando a importância de se encontrar na composição que se identifica.

Ao buscar uma cobertura suave em seus eventos, Larissa evita a artificialidade que muitas vezes surge quando uma câmera é apontada para alguém. Sua abordagem visa criar uma relação de amizade com os clientes, permitindo registrar reações de forma espontânea.

“Eu não me considero uma fotógrafa retratista, eu gosto muito de observar, a minha pegada é de tentar ao máximo fazer uma cobertura muito suave como se eu não estivesse ali, porque a partir do momento que eu aponto pra você uma câmera, a tendência é que você corrija a postura e esboce uma reação não tão natural. Por isso, com os meus clientes eu sempre busco uma relação de amizade, tentando deixá-los à vontade ao ponto que a câmera já não intimide mais e eu possa registrar aquela reação de forma mais espontânea”, conta.

“A fotografia é mais do que o óbvio; é captar a emoção nos pequenos momentos, é o que exige do fotógrafo estar imerso naquela experiência”, complementa, Larissa.

Millin Albuquerque: Entre a fotografia e o vídeo, a busca pela conexão emocional

Millin Albuquerque, fotógrafo da agência Caramelo Comunicação, enfrenta os desafios da transição da fotografia para o audiovisual. Iniciando sua jornada em 2007, aprendeu gradualmente a arte de fotografar através de seu relacionamento da época, onde sua parceira servia como modelo e o ensinava os primeiros passos na fotografia. Hoje, ele explora a capacidade da imagem em transmitir emoções sem a necessidade de palavras.

“A fotografia vem com toda a força da imagem sem precisar te dizer nada, apenas te mostrando as emoções daquele instante,” ressalta Millin. 

Enfrentando a crescente demanda por vídeos em coberturas de eventos, ele destaca a importância de se adaptar às mudanças tecnológicas, sem perder a capacidade de capturar a essência emocional de cada momento.

“O fotógrafo nasce emocionado, com um amor pelas pequenas coisas, querendo sair batendo foto de tudo. Quando esse amor se torna um emprego, toda a emoção cai e a gente passa a fazer o que é comercial e o que vende. Enquanto fotógrafo, a gente perde muito a essência da coisa, o artístico cai, porque o que vende é o mais interessante. Espero que a gente não perca esse artístico e a nossa essência enquanto fotógrafos, porque a fotografia sempre vai ser uma arte”, pontua.

Cecília Cinde: Do Jaleco à fotografia, um encontro inesperado

Cecília Cinde, fotógrafa de eventos, compartilhou a trajetória que a levou da Fisioterapia à paixão pela fotografia. 

“A fotografia ela se apresentou pra mim, porque eu sou formada em Fisioterapia e entrei no mundo da fotografia ainda estudante, me apaixonei por tudo aquilo. Com o tempo eu percebi a necessidade de interagir mais com as pessoas e dentro da fotografia eu estava ali vivenciando momentos bons, alegrias, emoções, isso me conquistou. Eu me formei em administração depois para montar a minha empresa de fotografia. Foi um encontro mesmo, eu não me via nessa profissão, me via de jaleco, na área médica e hoje me achei como fotógrafa”, narra.

A fotógrafa enfatiza a importância do olhar do fotógrafo na era das tecnologias avançadas.

“A fotografia não é só um equipamento, hoje nós trabalhamos com drones, com inteligências artificiais, com máquinas e lentes mais avançadas, mas tudo isso só pode acontecer por meio do olhar do fotógrafo e da atenção dele com tudo que está acontecendo,” destaca Cecília. 

Sua missão é deixar as pessoas à vontade, capturando sorrisos, abraços e reações de forma natural, proporcionando aos clientes uma retrospectiva emocional de seus eventos.

“É saber capturar um sorriso que pode passar despercebido, um abraço, uma reação bacana e entregar pro cliente de uma forma que ele consiga acompanhar tudo o que aconteceu no evento dele, nos mínimos detalhes. E isso dá uma surpresa pro cliente, já que ele normalmente está muito concentrado e não consegue perceber o momento com a riqueza de detalhes que ele tem”, pontua.

Wilton Hoots: As emoções dentro e fora das quatro linhas

Hoots encontrou sua paixão pela fotografia através da inspiração de seu vizinho, um retratista que carregava sua câmera como extensão de si mesmo. 

“Ele viu que eu fiquei curioso e foi me explicando, depois eu até fiz outros cursos, mas foi dali que surgiu a vontade mesmo de fotografar”, conta Hoots. 

A partir desse encontro casual, o fotógrafo começou sua trajetória, inicialmente registrando o Habibs na Bezerra de Menezes em Fortaleza, e posteriormente atuando como fotógrafo institucional no Colégio Antares.

Uma coisa que fascina Hoots, é a evolução da fotografia ao longo dos anos. Para ele, a fotografia é a invenção mais incrível, pois permite a preservação de momentos únicos e a construção de uma narrativa visual. 

“Ela é um instrumento muito importante, se não houvesse ela, hoje nós não teríamos dimensão de acontecimentos históricos, por exemplo. No meio corporativo não é diferente. Se tratando do corporativo, é fundamental ter a fotografia no segmento”, destaca o fotógrafo.

Questionado sobre a interligação entre fotografia e vídeo, Hoots acredita que ambas as formas de expressão sempre andam juntas. Apesar da tecnologia atual permitir capturas de alta qualidade a partir de vídeos, ele enfatiza que a fotografia mantém sua relevância única. 

“Não existe foto sem vídeo e vídeo sem foto, eles caminham juntos e não vejo muito essa perda”, afirma.

Com experiência na fotografia esportiva, Hoots ressalta a diferença entre fotografar eventos esportivos e situações corporativas, destacando que, enquanto no esporte a narrativa é imprevisível pelos resultados dos jogos, no ambiente corporativo, o fotógrafo tem uma ideia mais clara de como o acontecimento se desenrolará.

“Se o time está vivendo uma fase mais calma, é um ambiente tranquilo, e se está em uma fase mais tensa, é um ambiente mais corrido”, explica. 

No Dia do Fotógrafo, Larissa, Millin, Cecília e Hoots reforçam a potência da subjetividade do olhar, a importância de cada clique e a arte de contar histórias através das imagens. Em um mundo movido pela fotografia nas redes sociais, esses profissionais buscam se adaptar para continuar surpreendendo e conectando os seus clientes emocionalmente por meio de suas lentes.