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Oito em cada dez lideranças têm dificuldade em conduzir diferentes gerações

Publicado em

13/11/2023 11h55

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Pesquisa feita pela SPUTNik revela que mais da metade das lideranças sentem a falta de clareza na estratégia como principal problema na tomada de decisão

A relação entre diferentes gerações no ambiente de trabalho tem exercido um impacto notável no dia a dia das organizações. E isso tem exigido das lideranças uma visão mais direcionada e participativa, com abordagens mais flexíveis e inclusivas para atender às necessidades de suas equipes multigeracionais. Porém, oito em cada dez (79%) das lideranças dizem ter dificuldade de liderar diferentes gerações. É o que mostra a segunda edição do Panorama de Sentimentos das Lideranças, criado pela escola corporativa SPUTNik.

Ao longo deste ano, a pesquisa ouviu mais de 250 líderes de grandes empresas, e dentre vários diagnósticos apontados estão a preocupação com ansiedade, autoconhecimento, e melhor equilíbrio entre vida pessoal e desenvolvimento profissional. O estudo mostrou, ainda, que 1/4 das lideranças consideram que “formas de desenvolver e engajar a equipe” são um horizonte nebuloso, seguido de “possibilidades de crescimento de negócio a longo prazo” (24,6%).

“Engajamento é uma dor que virou crônica entre as lideranças, mas é muito importante conectar isso também com o ambiente multigeracional. A geração Z, por exemplo, tem sido percebida como menos engajada que os millennials e baby boomers, pois é uma geração muito pautada pelo propósito, enquanto os 30+ costumam ser reconhecidos por sua dedicação incansável ao trabalho”, destaca Mariana Achutti, CEO da SPUTNiK.

Desde 2022, o Panorama de Sentimentos das Lideranças vem acompanhando como se dá a tomada de decisão nas empresas. E a falta de clareza estratégica foi, pelo segundo ano, a maior dor reportada pelos líderes (48,1%)Outra questão apontada foi a coleta e/ou análise de dados precária, o que indica que as empresas ainda não estão usando a máxima capacidade em tecnologia de dados para tomar decisões. Além disso, mais de 60% dos gestores relataram que antes de tomar uma decisão eles recorrem às suas liderançasseus pares (56,7%) e network pessoal (53,8%). No entanto, apenas 11,9% consultam o board.

“Hoje, o que temos chamado de ‘quiet quitting’ pode, na realidade, trazer uma interpretação equivocada sobre os colaboradores. Estamos lidando, na verdade, com uma geração que apenas está pedindo para seguir o “job description”, e considera démodé o perfil ‘workaholic’, mas não significa que não esteja engajada. Portanto, é crucial para os líderes entenderem essas nuances geracionais e adaptarem suas estratégias, reconhecendo que o sucesso e o comprometimento no trabalho estão mudando e exigindo uma abordagem mais flexível e personalizada”, complementa Mariana.

Na outra ponta, 36,2% dos respondentes sinalizaram que não têm como canal prioritário as trocas com seus líderes, assim como 43,3% não se conectam com seus pares em momentos decisivos.

“Esse é um dado alarmante e que precisa ser olhado com atenção, pois nos mostra que as empresas precisam desenvolver uma cultura de colaboração entre suas lideranças, dar mais segurança psicológica e criar um fluxo para alinhamento estratégico na tomada de decisão”, comenta Achutti.

Outro ponto que chama atenção é o sentimento de desamparo. Grande parte das lideranças relata falta de apoio, e liderança pouco humanizada. Os entrevistados destacam, ainda, que estão precisando de acolhimento e cultura colaborativa para a tomada de decisão.

“Eu sempre gosto de trazer aquela máxima ‘quem cuida de quem cuida?’, inclusive, faz anos que trago essa provocação nas minhas aulas e palestras. As lideranças têm sido cobradas para que acolham seus times, trabalhem segurança psicológica e saúde mental cotidianamente. Mas quem está cuidando das lideranças? Fica claro que precisamos avançar nesse cuidado mútuo e criar práticas para que esses gestores também se sintam abraçados e estejam mais preparados para orientar o time e colaborar para um ambiente mais seguro também”, analisa Mariana.

Apesar desses desafios e da ansiedade ainda ser muito presente no dia a dia da gestão, o Panorama apontou que cerca de 60% das lideranças fazem terapia, evidenciando a crescente importância de cuidar da saúde mental de líderes em um ambiente cada vez mais competitivo e desafiador. Cerca de 30% das respostas citam que esse recurso ajuda nas tomadas de decisão, através de autoconhecimento, controle das emoções, clareza e equilíbrio“, como citam algumas das respostas.