Responsabilidade

Impacto crescente da saúde mental nas empresas cearenses e estratégias de prevenção em foco

Por Luiza Sampaio

12/01/2024 09h53

Compartilhe
  • Whatsapp
  • Facebook
  • Linkedin

Janeiro Branco destaca a necessidade de atenção à saúde mental nas organizações cearenses

Do estresse à depressão, os problemas de saúde mental têm se tornado uma preocupação crescente nas empresas do Ceará, afastando mais de 540 trabalhadores por mês, segundo dados do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS). Os transtornos depressivos, ansiosos, bipolares e outros ligados à saúde mental levaram a uma média de 547 cearenses afastados do trabalho mensalmente em 2023.

A Síndrome de Burnout, conhecida como a “doença do trabalho”, ganha destaque neste Janeiro Branco, mês de conscientização global sobre saúde mental. Mesmo não sendo oficialmente reconhecida nas bases de afastamentos, a Síndrome de Burnout afeta cerca de 30% dos trabalhadores brasileiros, de acordo com a Associação Nacional de Medicina do Trabalho (Anamt).

O Psiquiatra Dr. Daniel Krämer destacou, em entrevista ao Nosso Meio para a série Humanização e Liderança, que o Burnout pode ser um fator de risco para o desenvolvimento de pensamentos suicidas, evidenciando a gravidade da situação. Um estudo realizado pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP) em 2021 revelou que um em cada quatro brasileiros sofre com a Síndrome de Burnout, colocando o Brasil em segundo lugar no ranking mundial, atrás apenas do Japão.

“Quando alguém está sofrendo de burnout, experimenta exaustão emocional, despersonalização (crescente cinismo ou distanciamento em relação ao trabalho) e diminuição da realização pessoal no trabalho. Esses sintomas podem levar a sentimentos de desesperança e desamparo, que são fatores de risco para o desenvolvimento de pensamentos de morte. Assim, não é raro que a pessoa com esse transtorno comece a acreditar que não há saída para sua situação, o que pode alimentar ideias suicidas”, detalhou Krämer.

Confira também: Série Humanização & Liderança | Prevenção ao Burnout como aliada na luta contra o suicídio

A CEO da Amar.elo Saúde Mental, Lorena Soares, também colaborou para a série e elencou estratégias práticas para prevenir o Burnout nas organizações, incluindo a revisão de metas, acompanhamento personalizado, desenvolvimento, treinamentos e a valorização de cada colaborador. Estratégias como meditação, rodas de conversa, jogos e identificação de membros sob pressão também são citadas como ferramentas para criar um ambiente de trabalho saudável.

“Existem algumas ações práticas que a empresa pode adotar para evitar o Burnout em seu time, dentre elas: revisão de metas; acompanhamento personalizado, fazendo, por exemplo, reuniões de feedback; desenvolvimento; treinamentos; revisão de formas de trabalho; e acompanhamento do colaborador para identificar pontos de atenção e evitar a exaustão”, explicou.

Confira também: Série Humanização & Liderança | Táticas para remediar o Burnout nas organizações

No entanto, uma pesquisa feita pela consultoria Performes durante o 1º BenchRH  revela que a saúde mental ainda não é mensurada efetivamente nos departamentos de Recursos Humanos das empresas cearenses. 

Daniel Araújo, CEO e consultor em Inovação e Agilidade, destaca que, embora seja uma prioridade emergente para o RH em 2024, atualmente não há uma maturidade na gestão desse aspecto nas organizações.

“É um cenário que estará na pauta executiva de gestão de pessoas, mas que hoje ainda não existe uma maturidade na gestão desse aspecto dentro das organizações”, afirma Araújo.

Confira também: Performes, primeira consultoria de inovação e agilidade do Ceará, promove o 1º BenchRH

Ele enfatiza a importância de mensurar o nível de saúde mental nas empresas e destaca as quatro frentes propostas pela Organização Mundial da Saúde (OMS): prevenção, identificação precoce, apoio e reabilitação. A criação de uma rede de apoio e estratégias para a reabilitação dos colaboradores que retornam de afastamentos são fundamentais para evitar a reincidência dos sintomas.

“A primeira frente é a frente da prevenção. A segunda frente é a identificação precoce desses sintomas. A terceira frente é o apoio à reabilitação, o apoio para que as pessoas que estão passando por questões de saúde mental possam ter na empresa uma parte da sua rede de sustentação para sair da condição. Então esse apoio passa muito pela conscientização, ele passa muito pelo entendimento que é uma situação que não é preguiça, não é fazer o corpo mole, é uma questão de saúde”, finaliza.