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Série Humanização & Liderança | Prevenção ao Burnout como aliada na luta contra o suicídio

Por Luiza Sampaio

27/09/2023 16h43

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O Psiquiatra, Dr. Daniel Krämer, explica qual a relação entre a síndrome e a depressão, e quais ferramentas são fundamentais para os cuidados

A Síndrome de Burnout, também conhecida como síndrome do esgotamento profissional, está sendo cada vez mais colocada na pauta dos profissionais de gestão de pessoas, logo que de acordo com dados da Associação Nacional de Medicina do Trabalho (Anamt), aproximadamente 30% dos trabalhadores brasileiros sofrem com a síndrome. Trabalhar a temática dentro das organizações levanta algumas dúvidas e angústias tanto por parte dos colaboradores quanto dos líderes, que buscam meios de tratar essa questão da melhor forma para empresa e para funcionário, e para isso é indispensável adquirir conhecimento sobre o tema e as formas de prevenção.

Cientes dessa demanda do mercado, o Nosso Meio está lançando a série “Humanização e Liderança” que irá ser divulgada semanalmente ao longo do setembro amarelo, como forma de lembrar que a prevenção do Burnout é uma das alternativas da prevenção ao suicídio.

Episódio 03 | Prevenção ao Burnout como aliado na luta contra o suicídio

Ao longo da série Humanização e Liderança, a prevenção do Burnout se demonstrou ser uma prática diária que deve ser parte da agenda dos gestores e colaboradores. O setembro amarelo chega para lembrar a importância do cuidado com a saúde mental na prevenção ao suicídio, o a síndrome de esgotamento emocioanal é um fator de risco para a depressão e deve ser olhado com cuidado.

O Psiquiatra, Dr. Daniel Krämer, especialista em Logoterapia e Análise Existencial, explica que o Burnout pode ser um importante fator de risco para o desenvolvimento de pensamentos suicidas. 

“Quando alguém está sofrendo de burnout, experimenta exaustão emocional, despersonalização (crescente cinismo ou distanciamento em relação ao trabalho) e diminuição da realização pessoal no trabalho. Esses sintomas podem levar a sentimentos de desesperança e desamparo, que são fatores de risco para o desenvolvimento de pensamentos de morte. Assim, não é raro que a pessoa com esse transtorno comece a acreditar que não há saída para sua situação, o que pode alimentar ideias suicidas”, detalha.

Krämer ainda lista sinais e sintomas de Burnout que podem indicar um risco aumentado de suicídio:

  • Sentimentos persistentes de desesperança e desamparo;
  • Isolamento social e dificuldade em manter relacionamentos;
  • Mudanças no sono e no apetite;
  • Aumento do consumo de álcool ou drogas;
  • Dificuldade de concentração e tomada de decisões;
  • Comportamentos autodestrutivos ou de automutilação.

Existem fatores de risco que podem ser intensificados com o estresse crônico, como o aumento dos níveis de ansiedade, pensamentos catastróficos, palpitações, sudorese, falta de ar, desanimo, perda de interesse, frustração, culpa e desesperança, que são fatores de risco para o suicídio. 

“O estresse crônico causado pelo burnout está intimamente relacionado ao aumento dos níveis de ansiedade e depressão. Isso significa que o burnout pode sobrecarregar o sistema de gerenciamento do estresse de uma pessoa, levando a um estado crônico de tensão”, explica o Dr. Daniel.

Para prevenir todas essas consequências, se torna indispensável realizar a promoção do bem-estar emocional e do equilíbrio entre trabalho e vida. Aprender técnicas de gerenciamento de estresse, como meditação, ioga e exercícios, pode ajudar a reduzir o risco de burnout. Além dessas práticas, o Psiquiatra detalha outras estratégias:

  • Estabelecer limites claros entre trabalho e vida pessoal;
  • Praticar o autoconhecimento e a autocompaixão;
  • Procurar apoio e compartilhar sentimentos com amigos e familiares.
  • Adotar estratégias de gerenciamento de estresse, como a prática de mindfulness ou exercícios físicos regulares.
  • Buscar ajuda profissional de psiquiatra e psicológico.

Programas de saúde mental e suporte emocional no local de trabalho também podem ajudar a identificar precocemente os sinais de Burnout e oferecer assistência apropriada. Caso não possuam domínio ou profissionais especialistas sobre o assunto, as empresas podem contar com consultorias e serviços que oferecem esse suporte. Isso pode ser feito por meio de:

  • Treinamento para gerentes e funcionários sobre reconhecimento de sinais de estresse e burnout;
  • Fornecimento de recursos de saúde mental, como psicoterapia, dias livres, redivisão e revezamento de funções quando necessário;
  • Estabelecer metas realísticas, alcançáveis, fornecendo  recompensas ao atingi-las (não se pode “recompensar” um trabalhador produtivo e eficiente com mais trabalho!);
  • Estabelecimento de um ambiente de trabalho que promova a comunicação aberta sobre questões de saúde mental;
  • Implementação de políticas que incentivem o equilíbrio entre trabalho e vida pessoal, como desestimular o uso de telefone ou equipamentos profissionais em casa;
  • Oferecer cursos sobre gestão financeira e de tempo. 

“A conscientização pública sobre a relação entre o Burnout e o suicídio é fundamental para reduzir o estigma em torno das questões de saúde mental. Isso pode ser alcançado por meio de campanhas de conscientização, educação nas escolas e nos locais de trabalho e compartilhamento de histórias de pessoas que superaram o Burnout e encontraram ajuda para seus problemas de saúde mental. Ao normalizar a discussão sobre saúde mental e encorajar as pessoas a procurar ajuda quando necessário, podemos contribuir para a prevenção do suicídio e o tratamento adequado do Burnout”, finaliza Dr. Daniel Krämer 

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