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Série Humanização & Liderança | Táticas para remediar o Burnout nas organizações

Por Luiza Sampaio

19/09/2023 14h40

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Entre prevenção e recuperação, a CEO da Amar.elo Saúde Mental lista estratégias para lidar com essa crise dentro das empresas

A Síndrome de Burnout, também conhecida como síndrome do esgotamento profissional, está sendo cada vez mais colocada na pauta dos profissionais de gestão de pessoas, logo que de acordo com dados da Associação Nacional de Medicina do Trabalho (Anamt), aproximadamente 30% dos trabalhadores brasileiros sofrem com a síndrome. Trabalhar a temática dentro das organizações levanta algumas dúvidas e angústias tanto por parte dos colaboradores quanto dos líderes, que buscam meios de tratar essa questão da melhor forma para empresa e para funcionário, e para isso é indispensável adquirir conhecimento sobre o tema e as formas de prevenção.

Cientes dessa demanda do mercado, o Nosso Meio está lançando a série “Humanização e Liderança” que irá ser divulgada semanalmente ao longo do setembro amarelo, como forma de lembrar que a prevenção do burnout é uma das alternativas da prevenção ao suicídio.

Episódio 02 | Táticas para remediar o Burnout nas organizações

O cuidado com saúde mental começa com informação e combate à psicofobia, ou seja, o preconceito que se tem contra pessoas que apresentam transtornos ou doenças mentais. Como tratado no primeiro episódio da série Humanização e Liderança, o primeiro passo é construir um ambiente seguro, onde as pessoas se sintam à vontade para dizer “vou ao psicólogo” ou “vou ao psiquiatra” com a mesma naturalidade que falariam “vou ao dentista”.

Um em cada quatro brasileiros sofre com a Síndrome de Burnout, segundo o levantamento feito pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP), em 2021. O Brasil ocupa o segundo lugar no ranking mundial de países com mais casos da doença, atrás apenas do Japão, conforme relatório organizado pelo International Stress Management Association (Isma-BR) no mesmo ano. A CEO da Amar.elo Saúde Mental, Lorena Soares, esclarece quais estratégias de prevenção do burnout são recomendadas para implementação da cultura organizacional.

“Existem algumas ações práticas que a empresa pode adotar para evitar o Burnout em seu time, dentre elas: revisão de metas; acompanhamento personalizado, fazendo, por exemplo, reuniões de feedback; desenvolvimento; treinamentos; revisão de formas de trabalho; e acompanhamento do colaborador para identificar pontos de atenção e evitar a exaustão”, explica.

Lorena lista algumas estratégias que podem auxiliar na criação de um ambiente saudável de trabalho, que ajudarão na prevenção:

  • Meditação;
  • Rodas de conversa;
  • Jogos,
  • Dar espaço para expressão;
  • Aplicar identificação de membros sob pressão;
  • Acolhimento e valorização de cada colaborador, seja com planos de cargos e demais auxílios.

No Brasil, pesquisa realizada pela Mindsight, em março de 2022, revelou que 87% dos trabalhadores já tiveram uma liderança que provocou algum tipo de desgaste mental. O comportamento foi observado com maior incidência em líderes masculinos. Antes de falar sobre as intervenções que podem ser feitas nessas situações, é importante de fato ter o diagnóstico da síndrome, que deve ser feito pelo médico do trabalho, pois trata-se de uma doença ocupacional. Quando se tem um diagnóstico, muitas vezes se faz necessário o afastamento das funções, que podem variar de três meses até um ano.

Para funcionários que já estão sofrendo a chamada Síndrome do Esgotamento Emocional, Lorena explica que tipo de medidas podem ser implementadas para que as empresas possam oferecer.

“Além do afastamento, o tratamento pode ser feito com psicoterapia e uso de medicamentos antidepressivos, que só podem ser receitados pelo médico competente. Aliado ao tratamento medicamentoso, também é importante conciliar a atividade física regular e exercícios de relaxamento para alívio dos sintomas. Vale destacar que o Burnout surge a partir de um processo de exaustão e estresse agudo que não foram tratados adequadamente. O corpo reage e a mente reage, com impacto nas sinapses, na memória, na concentração e demais funções que são importantes para o trabalho”, destaca

Quando o colaborador retorna às suas funções, depois deste período de tratamento, a empresa vai precisar pensar junto com os líderes dos setores, as formas de trabalho adequadas, para que o colaborador não volte a ter afetado o seu psiquismo.

“É importante buscar o bem-estar, o gerenciamento das emoções, autoconhecimento e assim, recuperar o equilíbrio emocional, além de cultivar relacionamentos saudáveis no trabalho”, ressalta Lorena.

Diante dessa situação, existem desafios que as empresas precisam enfrentar para manter o seu ritmo de trabalho, como ficar sem o colaborador durante alguns meses, em um possível afastamento e rever as metas e formas de trabalho, para que o colaborador não chegue ao diagnóstico de Burnout ou, caso tenha chegado, não volte a ter o quadro agravado depois de um período de tratamento.

Para a empresa pensar em um equilíbrio saudável entre trabalho e vida pessoal de seus colaboradores, com o objetivo de reduzir os riscos da síndrome, é indispensável pensar na quantidade de trabalho que o colaborador acaba levando para casa ou de horas extras que a empresa permite que o colaborador faça.

Atualmente, já existem programas de gestão de atividade que podem ser bloqueados no fim de semana, para evitar que um colaborador “workaholic” trabalhe além da conta. Além de sempre buscar estímulos a atividades extra trabalho, como dicas de eventos e atividades que estarão acontecendo na cidade, por exemplo.

“Muito mais que oferecer psicoterapia para os colaboradores, elas precisam e podem fazer mais para promover este contexto. Existem sim programas de prevenção em saúde mental e, frisa-se, que contribuem também para a redução de custos jurídicos e financeiros para as corporações”, finaliza a CEO.


O esgotamento no trabalho não é apenas um problema dos funcionários; é um problema que afeta a saúde e o desempenho das empresas. No entanto, à medida que mais empresas adotam abordagens proativas para apoiar o bem-estar de seus funcionários, espera-se que essas estatísticas preocupantes comecem a diminuir, criando um ambiente de trabalho mais saudável e produtivo para todos.

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