IA demais, humano de menos: por que o futuro das empresas depende menos de máquinas e mais de mentes sensatas?

Por Redação

12/11/2025 10h58

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Vivemos uma era em que a aceleração tecnológica — especialmente por meio da Inteligência Artificial (IA) — impõe às empresas um dilema: abraçar o novo com entusiasmo ou permitir que ele nos controle. O investimento global em IA já ultrapassa US$ 250 bilhões, e 78% das organizações afirmam utilizá-la em seus processos.

A promessa de eficiência ecoa em todos os setores. Mas à medida que a tecnologia avança, cresce a necessidade de fazer a pergunta que realmente importa: estamos usando a IA para ampliar o que temos de mais humano — ou estamos nos tornando reféns daquilo que criamos?

Pesquisas da Harvard Business School revelam que o maior ganho não está na automação pura, mas no encontro entre máquinas e mentes — na soma entre criatividade, pensamento integrador e execução tecnológica. O Stanford Digital Economy Lab alerta, porém, que trabalhadores jovens em funções altamente expostas à IA já sofrem perdas de até 13% no emprego relativo, enquanto profissionais mais experientes — e com pensamento crítico consolidado — crescem em relevância. A Universidade de Savoie Mont Blanc complementa: a IA aumenta algumas competências gerenciais, mas jamais substituirá liderança, empatia e imaginação.

Embora a IA tenha potencial para reduzir desigualdades, seu uso inconsciente pode ampliá-las. Empresas que adotam tecnologia sem desenvolver cultura e governança correm o risco de digitalizar processos e desumanizar decisões. O problema não está na máquina, mas na visão limitada de quem a opera.

A narrativa de que a IA “vai substituir” o intelecto humano é sedutora — e perigosa. Acreditá-la é negligenciar o desenvolvimento humano e a complexidade das organizações. Não se trata de substituir, e sim de complementar. Quando a empresa vê a IA como “o novo funcionário”, perde o essencial: a capacidade de pensar, imaginar e decidir com profundidade.

É hora de promover uma mentalidade de aprendizagem contínua, que estimule curiosidade, experimentação e senso crítico. Mesmo com maturidade menor que países de ponta, o Brasil acelera sua adoção de IA. Mas o alerta vale em dobro: em um país diverso, a tecnologia deve ser ponte para o desenvolvimento humano — não um atalho que o substitui. A revolução já começou.

O debate não é mais se a IA transformará o mundo corporativo, mas como. E é justamente nesse “como” que mora o paradoxo: as empresas que acreditam que a tecnologia sozinha trará vantagem perderão. As que a usarem para libertar o humano e elevar sua potência intelectual e ética, vencerão.

Não deixemos que a IA nos torne reféns. Façamos dela o alicerce sobre o qual a humanidade corporativa se ergue. Que o humano — com suas perguntas inquietas, sua intuição e sua ética — permaneça no centro da estratégia. Porque, no fim das contas, os trilhos da mudança só fazem sentido quando percorridos por quem escolhe liderar — e não por quem se deixa levar.

Cuidem-se. Abraço,

Simone Moura

Simone Moura
Fundadora da Ping Pong Estratégia e CMO da Medeiros Distribuidora & 365 Medeiros
Simone Moura é formada em comunicação social, especialista em branding, MBAs nas áreas de marketing, comportamento de consumo e neuro marketing, e cursos de especialização na Universidade de Harvard em disrupção e teorias jobs to be done. Mestre e Doutora em Comunicação e novas tecnologias pela Universidade do Minho, Portugal, e especialista em neurociência aplicada ao consumo Possui 30 anos de atuação profissional e já contribuiu para vários players de diversos segmentos como indústria, varejo, serviços e publicidade e propaganda. Simone tem vasta experiência em planejamento estratégico de comunicação com foco em propósito, posicionamento de mercado e gestão de branding. É embaixatriz da Ikigai Brasi. Fundou a Ping Pong Estratégia em 2010 e atua em todo o Brasil.