Pluralidade e repertório

Por Redação

10/01/2024 23h27

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No Marketing, ter uma bagagem com um bom repertório pra tirar da cartola será sempre uma vantagem. O mercado e a sociedade geracional são os temas que passeiam por toda essa edição incrível do impresso Nosso Meio. E o convite que recebemos aqui na Marketar foi para falarmos sobre o contexto – e conflitos? – da atuação dessas gerações dentro das áreas de Marketing e Business de modo geral. Particularmente, devo dizer que tenho minhas restrições quanto à

abordagem como comumente a utilizamos hoje, em que se padroniza um

enquadramento de faixas etárias para todo o mundo, desconsiderando as

culturas de cada continente, seus hábitos, costumes e outras variáveis que

poderiam alterar a elasticidade da escala, a depender do país em questão.

Entender que o Boomer da Dinamarca e o da Bolívia podem ser lidos na

mesma caixinha? Ou que o GenZ do Japão e o de Cuba estão no mesmo

barco? Mas irei me ater aqui ao nosso tema, e deixar que os colegas

especialistas em Gente e Gestão que rechearam as demais páginas com

tantos conteúdos bacanas nos auxiliem.

HARD, SOFT E HUMAN SKILLS.

Logo que concluí o curso de Publicidade e Propaganda eu ingressei na

especialização em Gestão Executiva de Marketing. Primeiros dias de aula,

ainda em fase de ambientação e estranhamento, lembro que eu olhava ao

redor e via claramente que eu era a mais jovem ali naquele espaço. Recém-

formada, com toda a arrogância de quem sai da faculdade achando que já

sabe de tudo e vai dominar o mundo, talvez eu tivesse a expectativa de que

encontraria na pós mais uma turma como a da graduação, mas o que eu

encontrei foi uma galera massa que ia muito além. E que bom que eu

percebi isso rapidamente e pude desfrutar das companhias e dos

aprendizados com eles. Eu explico. Todos os demais colegas já atuavam no

mercado de trabalho, feito que até então, para mim, havia sido possível

apenas no formato de estágio. Só isso já valeria um tanto que nem consigo

explicar. A academia era, e ainda é, uma realidade diferente do mercado de

trabalho, e estar com colegas insiders nas empresas, já como profissionais,

me ajudava a entender sobre escolhas, carreira e o futuro profissional de

modo geral. Não bastasse o know how, o conhecimento técnico em si, os

mais próximos ainda me inspiravam e ajudavam com softs e humans skills:

posturas, habilidades, trabalho em equipe e outras competências que

utilizo até hoje no dia a dia. Que convivência e trocas maravilhosas, com

colegas mais experientes que eu, alguns dos quais tenho a sorte de conviver

até hoje. E eu quero acreditar que, à época, eu tenha agitado e também

deixado mais leves as noites de aulas deles com as minhas energia e

curiosidade, tão características nos iniciantes.

Hoje, como professora na pós-graduação da Unifor, já ministrei diferentes

disciplinas, para diferentes perfis de turmas, sendo algumas mais

participativas, outras menos, mas se existe algo que eu posso atestar, sem

titubear, é que as turmas que melhor performam são as mais plurais. A

riqueza nos debates, nos questionamentos de quando temos em sala

alunos oriundos de diferentes graduações, trocando com alunos um pouco

mais velhos e que já atuam no mercado, dali sai o extraordinário, dali

enxergo a turma dar o próximo passo, a melhoria na entrega. E eu, na minha

geração Y, saio melhor do que entrei, com a mente oxigenada, sem saber

muito ao certo que idade eu tenho.

O RÁDIO OU A TV?

Já no mercado de trabalho, pouco antes da pandemia, recordo de um

episódio que pra mim ilustra bem a relevância da presença complementar

da GenZ nas organizações. Encontrei com um colega Diretor no corredor da

empresa e perguntei sobre um processo seletivo que estava aberto na área

dele, para uma vaga de gestão. Ele então comentou, sorrindo, que “houve

até candidato que propôs mostrar o que sabia sobre a área de atuação

utilizando jogos, games, dizendo que utilizaria esse tipo de ferramenta para

treinar o seu time, caso conquistasse a vaga de gestão em questão”. “Já

pensou?!”, me indagou o colega, e então rimos juntos. Algum tempo

depois, não muito, mas já pós pandemia, rimos juntos novamente, dessa

vez de nós mesmos. Como não conhecíamos o poder da gameficação na

época da referida seleção? Como teria sido ter contratado aquele

profissional com as ferramentas que ele trazia? Possivelmente estaríamos

um passo à frente de onde estávamos.

Na era do “e” e não do “ou”, a história recente vem nos mostrando a

importância da complementaridade. Num mundo que avança tão rápido,

com tantos contextos e especificidades, onde falamos em escala e em

personalização tudo junto e misturado, por que soa tão complexa a

convivência entre as gerações nos ambientes de trabalho? Não seria esse

um processo evolutivo, em vez de excludente? E não que seja fácil, mas

certamente o somatório dessa mistura, ao final do jogo, vai levar a

resultados positivos.

UM TIME PLURAL, ALINHADO POR UM PROPÓSITO CLARO E GENUÍNO, É

IMBATÍVEL.

Em Mkt e Vendas, amigo, bagagem conta- e muito. Para muito além da

tecnicidade, repertório conta pra prospectar e ganhar cliente, pra somar

em reuniões com ideias e ações pertinentes, pra negociar posições, pra

gerar resultado. Em tempos de customização e experiência, quanto mais

plural for a equipe, maiores as chances de capturar o sentimento dos

muitos perfis de clientes, dos muitos cenários de mercado, dos muitos

comportamentos e preferências existentes. E quer forma melhor de ganhar

bagagem do que misturando o melhor de cada geração no mercado?

Obrigada pela audiência até aqui. Desejo que você construa pontes e não

muros pelo caminho. Vamos juntos.

Camila Coutinho

Atua há 24 anos no mercado, nas áreas Comercial e Marketing, entregando resultados positivos na última linha em empresas de pequeno, médio e grande portes dos setores da Indústria, Serviços e Varejo. Camila é Mestranda em Administração com ênfase em Mercado, Estratégia e Finanças, cursou Estrategic Business pela Columbia University – NY, é Especialista em Marketing, Publicitária e uma apaixonada pelo mercado, gente e resultados.

Camila Coutinho
Consultora em Estratégia, Marketing e Branding e Fundadora da Nexum Mkt e Resultados
Camila atua há 23 anos no mercado, nas áreas Comercial e Marketing, entregando resultados positivos na última linha em empresas de pequeno, médio e grande portes dos setores da Indústria, Serviços e Varejo. Ao longo dessa jornada vem contribuindo para a Construção, Posicionamento, Reputação e Gestão de grandes marcas e projetos Nacionais e Internacionais Brasil afora, trabalhando ações ATL e BTL, com domínio do ferramental de Marketing – Branding, Pricing, Conteúdo, PR, LiveMkt, Experiência e Trade Omnichannel. Hoje lidera a Nexum, Consultoria de Estratégia e Marketing. Com forte crença na troca de conhecimentos, atua como colunista do Nosso Meio, escrevendo a Marketar, é palestrante e também professora convidada na pós-graduação da UNIFOR, nos MBAs das áreas de Comunicação e Negócios.