Análise

Estudo da FDC traz panorama e perspectivas para economia

Publicado em

13/11/2023 12h20

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Professor descreve a dinâmica da economia global e do Brasil sobre o efeito da retomada pós-pandemia, da guerra na Ucrânia e do conflito entre Israel e o Hamas

A Fundação Dom Cabral (FDC) lança o estudo “Economia Global e Brasil – panorama e perspectiva”, onde descreve a dinâmica econômica sobre o efeito da retomada pós pandemia, da guerra na Ucrânia e do conflito entre Israel e o Hamas. Para o Brasil, as expectativas para o crescimento do PIB em 2023 são melhores que aquelas anteriormente previstas graças aos efeitos positivos das medidas adotadas pelo governo federal desde a pandemia. Isso revelou um desempenho econômico favorável do Brasil, mesmo comparado com as maiores economias globais.

“De forma específica, a crescente inflação global e a centralidade nos temas da segurança energética e alimentar foram alguns dos vários impactos. Vimos que a esses temas foram adicionados um processo de desaceleração da globalização, bem como as várias tensões geopolíticas em curso já há algum tempo e agora acrescidas pelo conflito entre Israel e o Hamas”, sinaliza o professor da FDC e responsável pelo estudo, Gilmar de Melo Mendes.

Atividade Econômica Global, embora com crescimento projetado para 2023 em torno de 3,0% ao ano, a economia mundial ainda enfrenta esses efeitos agravados pelo prolongamento da guerra na Ucrânia. A economia dos Estados Unidos (EUA) segue com inflação ainda muito alta, o que implica altas taxas de juros, e com o desafio para o banco central americano de arrefecer a economia o suficiente para baixar os preços sem desencadear uma ampla contração econômica.

No âmbito da Zona do Euro, segundo relatório Summer Economic Forecast da Comissão Europeia, o crescimento deverá ser menor do que se esperava tanto para 2023 quanto para 2024. A inflação persiste em alta, ou seja, em agosto de 2023, a taxa anual de inflação ao consumidor (CPI) do bloco foi a mesma do mês anterior, de 5,3%, contrariando as expectativas de baixa da inflação. Já a economia da China que, desde a entrada na pandemia, vem apresentando diversos problemas, embora recupere o crescimento o padrão, ainda permanece abaixo daqueles registrados na última década.

Fonte secundária: Banco Central do Brasil – Relatório de Inflação de setembro de 2023

O mundo apresenta crescimento de forma lenta, com uma recuperação no primeiro trimestre de 2023 e crescimento de 3,5% no segundo trimestre. O Brasil se diferencia com um movimento positivo de 2,9% em 2022 e com uma projeção próxima de 3,0% para 2023.

Especialistas afirmam que as exportações brasileiras podem seguir estáveis. No âmbito dos alimentos, a China continuará com forte demanda, isso porque, embora desacelere, permanecerá em crescimento com aumento da renda per capita. A China teve um PIB per capita de US$ 11,56 mil em 2022, ou seja, 40% maior que o do Brasil. Segundo previsão do Fundo Monetário Internacional (FMI), chegará a US$ 20 mil em 2028. Já o minério de ferro, embora o preço tenha caído 9%, o volume exportado pelo Brasil aumentou 8%, o que implica baixo impacto sobre esse produto.

Fonte: Tradingeconomics

Diante das perspectivas inflacionárias e da consequente subida das taxas de juros, as projeções macroeconômicas do PIB do Brasil para 2023 têm sido recalculadas pelas diversas instituições do mercado. No entanto, para 2024, as previsões seguem com variações em torno de 1,5% tal como registrados nas projeções do FMI. Por sua vez, o Banco Mundial segue com uma projeção bem próxima, com 1,4% para 2024.

Essa projeção indica uma política monetária com flexibilização, como já vem ocorrendo com expectativas da taxa Selicem patamares em torno de 12% a.a. ao fim de 2023 e expectativa de 9% a.a. ao fim de 2024. Em compensação, tem-se uma expectativa de aprovação do arcabouço fiscal no Congresso Nacional e, com isso, a realização de resultados mais favoráveis para o resultado primário, conforme já exposto.

Esse cenário de projeções mais favoráveis a partir de 2023 por certo considera um avanço nas reformas como também nos níveis de inflação e relação dívida pública/PIB de acordo com os valores anteriores apresentados. A prevalecer esse equilíbrio, essa projeção do Ministério da Fazenda se apresenta crível para o crescimento do país.