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Levantamento com creators LGBTQIA+ mostra que empresas ainda não sabem trabalhar com este perfil fora do mês de junho

Por Redação

01/08/2023 11h09

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Idealizada pelo InstitutoZ a análise traz a percepção dos criadores LGBTQIA+ em relação a ativação com as marcas 

Uma análise qualitativa idealizada e conduzida pelo InstitutoZ, braço de pesquisa da martech Trope especializado em estudos de comportamento e consumo da Geração Z pelo olhar de verdadeiros nativos digitais, traz as percepções de criadores conteúdo, que se identificam com a comunidade LGBTQIA+ a respeito das campanhas publicitárias. 

De acordo com os entrevistados,  ainda falta diversidade nas ações de comunicação das marcas, bem como no mercado de trabalho. O levantamento, conduzido por Mylena Moura, entrevistou indivíduos que fazem parte da comunidade LGBTQIA+.

O estudo indica que os creators reconhecem que dentro da creator economy o mercado para profissionais LGBTQIA+ costuma ser mais aberto quando comparado ao mercado de trabalho tradicional, no entanto, desde que esses criadores façam parte de um certo padrão estético. 

“Ao escutar os respondentes, percebemos que a percepção dessas pessoas é que, enquanto gay, lésbica ou bisexual e dentro dos padrões estéticos definidos e aceitos pela sociedade, as oportunidades costumam ser mais fáceis, o que não acontece quando tratam-se de criadores de conteúdo trans ou não-binaries que estão fora desse padrão”, diz Luiz Menezes, fundador da Trope. “A falta de identificação afeta diretamente nas escolhas de consumo. Marcas são descartadas se quem compra não se vê representado”, afirma.

Os entrevistados que se identificam como trans ou não-binaries, destacam ainda que nas poucas vezes que são convidados pelas marcas é para tratar de temas atrelados diretamente com sua identidade de gênero, como se para esses criadores só fosse possível falar sobre este assunto.

Como creators LGBTQIA+ enxergam as marcas?

Ainda segundo Luiz, os depoimentos dos criadores LGBTQIA+ indicam um maior interesse das marcas para temas atrelados à comunidade, como o mês do orgulho, algo que limita a participação deles em outras campanhas ao longo do ano.

“Criadores de conteúdo com os quais conversamos entendem a importância de falar sobre temas que afligem a comunidade a qual pertencem, contudo querem e podem contribuir com outras temáticas pertinentes a nossa sociedade”, esclarece Menezes. 

“O engajamento das marcas com a comunidade se mantém pontual. Contudo, os consumidores sabem quais são as marcas que realmente se importam com a causa. Logo, é um posicionamento que não se sustenta no longo prazo”, reforça o fundador.

O levantamento concluiu que creators dão extrema importância para falar sobre quem eles são de verdade para sua audiência, para além de criar laços e gerar identificação, e entendem que furar a bolha é mostrar para sociedade que eles existem e devem ser respeitados.  

“Os entrevistados acreditam que falta uma certa naturalidade das marcas ao trabalharem com profissionais da comunidade e enxergar a sigla além do LG. Identificamos que é preciso não só rever o conteúdo de marketing do ano inteiro, mas também incluir essas pessoas no planejamento das marcas naturalmente”, finaliza.

O resultado da análise corrobora com o estudo realizado pela Trope em 2021, sobre a diversidade na publicidade gamer. Para 64% dos entrevistados LGBTQIA+ faltava diversidade nas campanhas publicitárias; e 51% deles, enquanto consumidores, tinham o hábito de cobrar representatividade das marcas.